Economia

‘Quero ser parte de solução da BRF’, diz Furlan

Apresentando-se como voz independente na disputa societária em curso na BRF, empresa dona das marcas Sadia e Perdigão, Luiz Fernando Furlan afirmou nessa terça-feira, 17, que gostaria de se colocar “como parte da solução” para o conflito entre os principais acionistas da companhia de alimentos.

Furlan, que é herdeiro da família fundadora da Sadia e conselheiro da BRF, concorre para ser o novo presidente do conselho de administração em substituição a Abilio Diniz. Ele foi indicado ao cargo na chapa lançada com apoio do próprio Abilio e da gestora Tarpon em oposição à registrada pelos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobrás (Petros) – a chapa dos dois fundos trazia o nome de Furlan, mas não para o comando do colegiado.

“Não advogo a favor de nenhum lado. Eu, que não tenho ressentimentos, me coloco na posição de pacificar”, afirmou a jornalistas, numa coletiva feita por telefone e convocada pela própria BRF.

Furlan evitou apontar culpados para a situação da empresa – a BRF apresentou prejuízos inéditos em 2016 e em 2017 -, mas disse que a “visão financista” se mostrou equivocada na gestão, em uma referência à administração da Tarpon, que fora apoiada por Abilio. Ao mesmo tempo, ele classificou como “surpreendente” o movimento de Petros e Previ, que em fevereiro deste ano ingressaram com pedido de destituição de todo o conselho da BRF.

“Essa instabilidade que tem acontecido realmente não tem ajudado a empresa”, disse. “Estou comprometido a olhar para frente. O passado, paciência, é o passado”, afirmou.

No dia 26 de abril, uma assembleia extraordinária de acionistas irá eleger a nova composição do conselho. A gestora britânica Aberdeen, que tem 5% da BRF, solicitou que a escolha seja feita por “voto múltiplo”. Assim, os acionistas terão de dividir seus votos entre os nomes dos candidatos às vagas.

Furlan elogiou a experiência de três executivos convidados por ele para disputar vagas no conselho: Luiza Trajano (dona do Magazine Luiza), Roberto Rodrigues (ex-ministro da Agricultura de Lula) e do consultor Vicente Falconi. E também se manifestou a favor da manutenção da atual diretoria-executiva. “No fundo, a empresa precisa voltar a crescer. O fundador (da Sadia, Atílio Fontana) dizia que nada substitui o crescimento e nada substitui o lucro. Se a empresa cresce e tem bom resultado, não tem briga de acionista. Quando falta milho no terreiro, as galinhas se bicam”, disse.

Procuradas, Petros e Previ não quiseram comentar.

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