Economia

Disputa pelo controle da Eletropaulo faz ação da companhia ter alta de 24%

Depois de quatro anos de especulações, a disputa pela Eletropaulo esquentou. Nos últimos dias, três companhias – Enel, Energisa e Neoenergia – têm se revezado na apresentação de propostas para comprar a maior concessionária de energia elétrica da América Latina, cujos principais acionistas são AES Corporation e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em menos de 24 horas, a empresa recebeu duas propostas, o que fez as ações da companhia subirem 24% nessa terça-feira, 17. O valor da negociação pode chegar a quase R$ 6 bilhões entre compra dos papéis no mercado e aporte de capital na empresa.

A primeira a entrar na disputa pelos ativos da distribuidora paulista foi a italiana Enel, que fez uma proposta, em março, com oferta de R$ 19 por ação da companhia. No início deste mês, a mineira Energisa ingressou na briga e fez uma oferta pública voluntária de ações (OPA), conhecida como oferta hostil, pela Eletropaulo. A proposta era de R$ 19,38, pouco acima daquela feita pela italiana.

Dez dias depois, a Neoenergia – controlada pela espanhola Iberdrola e que no ano passado fez uma fusão com a distribuidora de São Paulo Elektro – elevou o patamar das negociações oferecendo R$ 25,51 por ação na madrugada de terça-feira, 17. A investida, no entanto, durou poucas horas. No início da manhã, a Enel já havia feito uma nova proposta de R$ 28.

“A oferta é uma clara demonstração do grupo para crescer no Brasil”,diz o presidente da Enel no País, Carlo Zorzoli. Segundo ele, a Eletropaulo é uma peça importante para a estratégia da empresa pelo tamanho e pelo mercado atendido. A concessionária tem cerca de 18 milhões de clientes em 24 municípios de São Paulo e fatura R$ 21 bilhões.

Racionamento

A Eletropaulo foi privatizada no fim da década de 90 e passou a ser controlada pela americana AES. Em 2002, depois do racionamento de energia que reduziu o caixa da distribuidora, a empresa teve vários problemas para honrar seus compromissos, especialmente com o BNDES. Nos últimos anos, o controle da companhia deixou de ser prioridade para a AES, que decidiu focar na geração de energia renovável e micro geração no Brasil.

Desde então, vários investidores avaliaram os ativos da concessionária paulista, mas os negócios não iam adiante por causa de uma série de pendências. Uma delas era a disputa judicial – de R$ 1,5 bilhão – com a Eletrobras, encerrada em março deste ano. Com o acordo fechado, a italiana Enel não perdeu tempo e, em seguida, fez a primeira proposta para os acionistas da concessionária.

Em entrevista ao Estado, Zorzoli, da Enel, afirmou que em todos os países em que a empresa atua ela ocupa a primeira ou a segunda posição em distribuição. No Brasil, a companhia tem a concessão da distribuidora Ampla (RJ), Coelce (CE) e Celg (GO) – arrematada no fim de 2016 no primeiro leilão de privatização do presidente Michel Temer. “A Eletropaulo é o que nos falta para chegarmos ao patamar desejado”, diz Zorzoli.

Para João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos, a concessionária é considerada o “filé mignon” da distribuição no Brasil por ter grande número de consumidores numa mesma área. “Além disso, tem muitos investimentos em tecnologia para serem feitos (o que deve se refletir em tarifa maior).”

Procurada, Energisa afirmou que continua a acompanhar os movimentos do mercado para aquisição da Eletropaulo. Mas que sua oferta é “imutável e irrevogável”. Neoenergia e Eletropaulo não se pronunciaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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