Problemas nos pontos eletrônicos de recarga de Bilhete Único em terminais de ônibus e estações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) fazem o passageiro viajar de graça por falta de troco, perder dinheiro nas máquinas novas e ficar uma hora em filas, estimulando o mercado paralelo de venda de bilhetes para quem não quer enfrentá-las.
Nas últimas semanas, a reportagem flagrou ambulantes abordando usuários nas bilheterias das Estações Barra Funda, República e Sé do Metrô cobrando R$ 4,00 de quem quisesse passar pela catraca sem enfrentar a fila. Passageiros pagaram R$ 0,20 a mais do que a tarifa comum, de R$ 3,80, e passaram com o cartão “emprestado”.
“Vale a pena para não ficar esperando”, disse um deles, que não quis se identificar, no início da noite de 2 de fevereiro, na Estação Sé. A prática irregular ganhou força com as longas filas provocadas pela suspensão da venda de créditos do bilhete, em dezembro de 2015, pela Rede Ponto Certo, que operava 2/3 das máquinas de autoatendimento nas estações.
Segundo Rubens Menezes, chefe do Departamento de Segurança do Metrô, somente entre 1º de janeiro e 15 de fevereiro, 132 bilhetes únicos usados nesse tipo de ação foram apreendidos. “Esse tipo de comércio irregular é sazonal, mas o combate é diário.” Ele diz que a venda paralela de bilhete só é crime se usar cartão de idoso, estudante ou deficiente, que têm gratuidade e os de terceiros.
A atriz Thalita Drodowsky, de 22 anos, acha normal perder uma hora em congestionamentos, mas acha “surreal” ficar o mesmo tempo para carregar o Bilhete Único. Esse problema começou quando a tarifa foi reajustada para R$ 3,80. “Acontece desde o aumento da passagem. Tiraram as pessoas que trabalhavam aqui e colocaram máquinas que não funcionam.” Na Estação Barra Funda, das quatro máquinas novas apenas duas funcionam e nem sempre aceitam recargas com cartão de débito.
Sem troco
A publicitária Flavia Viana, de 24 anos, não tinha trocado para comprar bilhete do Metrô a R$ 3,80 e a funcionária do guichê deu um desconto: R$ 3,50. “As máquinas não funcionam e o bilhete acaba saindo mais barato.” Ela também já viajou de graça nos ônibus por falta de troco.
O cabeleireiro Anderson Domingues, de 26 anos, já foi ao trabalho sem pagar. “Eu tinha R$ 10 para a passagem. Não tinham troco e desci pela frente.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.