Mirassol e Ponte Preta são uma espécie de intrusos na semifinal do Paulistão. Superaram o favoritismo de São Paulo e Santos, respectivamente, e no domingo tentarão dar um passo ainda maior. Para isso, adotaram fórmulas similares durante a paralisação por causa da pandemia do novo coronavírus. Tiveram mudanças profundas, e deu certo.
Na sexta-feira, a FPF definiu os horários das partidas. O Mirassol joga com o Corinthians às 16h, na arena em Itaquera, e a Ponte enfrenta o Palmeiras às 19h, no Allianz Parque. A fase semifinal também será em jogo único. Em caso de empate, a decisão irá para os pênaltis. Já a final terá dois jogos: quarta-feira, dia 5 de agosto, e sábado, dia 8.
A FPF divulgou também a arbitragem. Vinícius Gonçalves Dias de Araújo apita Corinthians x Mirassol e Flávio Rodrigues Alves, Palmeiras x Ponte.
Azarões na semifinal, Ponte Preta e Mirassol, além das fórmulas similares, adotaram até uma dose de parceria para chegarem tão longe. Ambos contam com orçamentos modestos, mas têm como segredo a atuação certeira durante a paralisação de quatro meses forçada pela pandemia. Enquanto equipes perdiam ritmo de jogo, conseguiram se reformular.
Parte das mudanças realizadas nos dois elencos é fruto de uma coincidência. Quatro antigos titulares do Mirassol ficaram sem contrato durante a paralisação e foram reforçar a Ponte: o lateral-esquerdo Ernandes, o volante Luis Oyama e os meias Neto Moura e Camilo.
Mas o Mirassol não teve só essas perdas. Ao todo, viu 16 jogadores ficarem sem contrato e dois se machucarem. Com tantos desfalques, o clube só conseguiu vencer o São Paulo por 3 a 2 nas quartas graças a um atacante inscrito às pressas. Zé Roberto teve a documentação regularizada na véspera da partida.
"Nós tivemos de usar muito a base para recompor o time. Perdemos 18 atletas. Foram nove garotos promovidos para essa parte final do Paulistão. O desafio nosso é grande, porque recebemos só 20% das cotas de televisão que os grandes ganham", disse ao Estadão o presidente do Mirassol, Edson Hermenegildo. Para disputar o torneio, a equipe havia previsto gastar R$ 800 mil com a folha salarial, cerca de 10% do gasto pelo São Paulo. É a primeira vez que o Mirassol chega tão longe.
Na Ponte Preta, o poder de mudança foi ainda mais impressionante. A equipe era a última colocada na classificação geral até a interrupção. O rebaixamento era uma enorme ameaça. Com folha salarial de aproximadamente R$ 1,2 milhão, o clube reduziu despesas e conseguiu retomar o calendário com uma sequência impressionante: foram três vitórias seguidas.
"Estamos com os ânimos renovados, nossa equipe é aguerrida. O valor do nosso grupo é muito grande. É isso que eu passo para eles", disse o técnico João Brigatti após a vitória por 3 a 1 sobre o Santos.
Durante a paralisação, o clube ofereceu treinos online e contratou reforços. Fora o quarteto do Mirassol, trouxe o zagueiro Luizão, ex-Santo André.