Opinião

Reintegração à sociedade de forma prática

Para grande parte da sociedade, presos sentenciados que estão encarcerados  nos presídios brasileiros devem ser considerados casos perdidos. Afinal, o sistema prisional há muito demonstra problemas e quase falência. São celas superlotadas, condições subumanas, informações sobre organizações criminosas que controlam os centros penitenciários, entre outros casos que convergem para a pior impressão possível. Porém, erram aqueles que generalizam. Que consideram tudo perdido. Há sim possibilidade, mesmo que em muitos casos seja apenas exceção à regra, de reintegração social daqueles que, por diferentes motivos, foram condenados à prisão.


Neste sentido, há que se ressaltar iniciativas que saem do campo das teorias, oferecendo condições práticas para os sentenciados que buscam uma chance de se reintegrar à sociedade. E a Universidade de Guarulhos (UNG) é uma dessas entidades que merecem respeito e devem ser salientadas. Nesta quarta-feira, mais 14 reeducandos – como são chamados – receberam certificados pela participação em cursos de capacitação profissional ministrados pela instituição de ensino superior no último mês de julho. No total, cerca de 50 sentenciados da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, frequentaram as atividades de cursos diversos, como Informática Básica, Gestão de Projetos Sociais, Matemática para concursos, Desenho Artístico, Fotografia, entre outros.


Trata-se de uma parceria entre a UNG e o Poder Judiciário, que já está em sua segunda edição sempre com o objetivo de capacitar profissionalmente presidiários em regime semiaberto. Vale lembrar que na primeira edição da iniciativa, realizada em janeiro, 30 presidiários foram beneficiados com bolsas de estudo para os cursos.  Por mais difícil que seja para os familiares de vítimas da violência, praticadas por esses hoje sentenciados, já que muitas vezes prevalece o desejo de vingança ou mesmo de que eles paguem pelos crimes cometidos, há que se oferecer a possibilidade de reeducação aos detentos. Não se trata aqui de defender os direitos humanos de criminosos, mas sim de destacar iniciativas que oferecem condições para que nossas cadeias não figurem apenas como locais onde tudo está perdido.  A sociedade tem o dever de oferecer condições para quem quer mudar de vida quando de lá sair.

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