O presidente mundial da Renault, Luca De Meo, disse ontem que a estratégia do grupo para os próximos cinco anos é focar na produção de veículos de maior lucratividade, ou seja, mais caros, desafio que se estende também à filial brasileira – que hoje tem o Kwid, um carro de entrada na faixa de R$ 50 mil, como o mais vendido da marca. "Vamos direcionar nosso negócio da participação de mercado para a lucratividade", afirmou.
Ao divulgar o novo plano quinquenal para o grupo, De Meo citou que o Brasil vem apresentando melhora na "qualidade do negócio" e que a matriz estuda novos produtos para a fábrica de São José dos Pinhais (PR). "Ganhar participação do mercado não é prioridade (para a filial), mas sim buscar lucratividade e dar uma contribuição maior para os negócios da companhia."
Desde o ano passado, a Renault do Brasil foi liberada da meta estabelecida em 2017 pelo então dirigente da montadora, Carlos Ghosn, em sua última visita ao País, de buscar uma fatia de 10% do mercado local. Em 2019, a marca estava perto de atingir o objetivo, ao fechar o ano com 9% de participação nas vendas de automóveis e comercias leves.
Livre da meta, no ano passado a empresa reduziu consideravelmente as vendas diretas (feitas a frotistas e locadoras a preços com baixa margem de lucro) e fechou 2020 com fatia de 6,8% do mercado, com 131,6 mil unidades vendidas, resultado com impactos também da crise provocada pela covid-19, que levou a uma queda de 26% nas vendas totais do mercado brasileiro.
<b>Investimentos</b>
A Renault deve anunciar nos próximos meses um novo plano de investimentos no País já visando a nova estrutura do grupo, que definiu plataformas conjuntas de produção com a aliança global que inclui Nissan e Mitsubishi. Ontem, De Meo afirmou que 80% dos lançamentos previstos para os próximos cinco anos serão produzidos em três plataformas comuns, o que reduz custos e melhora a eficiência. Serão modelos elétricos e híbridos.
De Meo, ex-executivo da Fiat e da Volkswagen, assumiu o posto em julho, meses depois do escândalo que envolveu o executivo franco-brasileiro Ghosn, que foi preso no Japão e, quando obteve liminar para sair, fugiu para o Líbano.
Ele citou em entrevista a um grupo de jornalistas, após a apresentação do novo plano – batizado de "Renaulution", em alusão à palavra revolução -, que "infelizmente" foi preciso reduzir um turno de trabalho na fábrica brasileira, que resultou no corte de 470 vagas. Hoje, a montadora francesa emprega 6,5 mil funcionários.
<b>Fórmula F1</b>
No projeto divulgado no ano passado, a companhia estabeleceu o corte de 10 mil empregos mundialmente e uma economia de 2 bilhões em custos fixos até 2022. De Meo acrescentou mais 1 bilhão na conta até 2025. Além disso, informou que, ao usar plataformas compartilhadas, o custo de produção de cada automóvel da marca deve cair 600 também ao longo de cinco anos.
O plano apresentado ontem inclui a decisão de reduzir a capacidade produtiva das plantas de 5 milhões para 3,6 milhões de unidades ao ano. Líder em vendas de carros elétricos na Europa, a eletrificação da gama de produtos da marca também passa a ser prioridade, assim como a recuperação e geração de margens de lucro.
Outro anúncio foi que a marca Renault será substituída na Fórmula 1 pela Alpine, justamente para divulgar a marca de luxo da companhia. O grupo detém também as marcas Dacia e Lada.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>