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Renegado, artesanato agora reafirma feminismo

Além de se tornar um hobby, a nova geração vê o artesanato como uma manifestação política. A arte com os fios é um modo de discutir ideias e torná-las acessíveis a um público mais amplo.

O ativismo surge, por exemplo, nos temas das peças. São frequentes costuras que tratam de violência contra a mulher, questionamento dos padrões de beleza, reafirmação do corpo feminino e uso de frases de contestação.

“Sempre bordei temas que me interessaram, como letras de música e seriados. Quando me aproximei do feminismo, ele também se refletiu no que fazia”, diz Bruna Antunes, do Bordado Empoderado. Ela também dá aulas na ocupação Mirabal, na Grande Porto Alegre, espaço onde vivem vítimas de violência doméstica.

De outra forma, a paulista Karen Dolorez faz do crochê uma arte urbana, como nos projetos A Rua é Minha Tela, que alia a técnica ao grafite, e As Flores da Pele, na qual usou a linha sobre fotografias lambe-lambe de mulheres nuas. “Por ser crochê, ele chega a pessoas que talvez outras artes urbanas não chegariam. Tem apelo emocional, traz lembrança afetiva, muitas vezes ligadas à família, mostrando temas tabu, como a nudez feminina, de forma sutil.”

Mesmo assim, as intervenções não perduraram. “As pessoas tiram com rapidez. Trabalhar na rua tem um tempo de vida diferente”, conta ela, que faz, principalmente, murais.
Para Carla Cristina Garcia, da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), esse fenômeno tem a ver com uma ruptura de outras gerações. “Antes dos anos 1960, era um ato de resistência não bordar um enxoval. Só porque as avós deixaram as artes manuais de lado é que essas jovens podem hoje bordar temas que lhes interessam, até mesmo imagens do próprio corpo”, afirma.

Outras artes. A tendência de colocar as mãos na massa não se restringe à costura. Estudante de Artes Visuais, Anália Moraes, de 23 anos, cria cerâmicas e pinturas inspiradas no corpo feminino.

A jovem estranhava a forma como a nudez das mulheres era trabalhada na graduação. “O meio ainda é muito masculino e sexista, retratando a mulher de forma idealizada, como musa. Queria representar outras facetas”, explica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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