Variedades

Rio Moda Rio tem profusão de globais e desfiles de novos estilistas

Eram quase 18h de quarta, 15, quando a sala de desfiles do Rio Moda Rio, no Píer Mauá, foi aberta para a primeira apresentação do evento. Na plateia, prontas para conferir a coleção da estilista carioca Patrícia Viera, estavam as jornalistas Poliana Abritta e Ana Paula Araújo, apresentadoras, respectivamente, do Fantástico e do Bom Dia Brasil. Logo nesse início deu para notar que será comum esbarrar com personalidades globais por lá. Literalmente. Apressada, Malu Mader trombou com algumas pessoas a caminho do desfile da marca Martu, cuja primeira fila também contou com a presença das atrizes Nathalia Dill e Luana Piovani, além da apresentadora Glória Maria.

Conhecida no Rio por sua moda festa arrojada e meio descolada (pense em bordados, recortes, decotes e silhuetas fluidas), a estilista Marta Macedo, da Martu, é queridinha de globais e it girls da cidade. Em sua estreia, mostrou vestidos de festa sensuais e glamorousos, mas com um toque de decadência – efeito garantido graças ao styling de Dudu Bertholini, que combinou longos com blazers e saias estampadas com top puído. Merecem destaque também os vestidos de franjas de cores vibrantes e as bolsinhas descoladas usadas na transversal. Marta faz uma moda festa colorida, bem carioca.

Também têm a cara do Rio as peças mostradas por Patricia Viera, que faz desdobramentos mil com couro. A estilista chamou a coleção de “resort” – na prática, tratava-se de uma evolução, mais colorida e vaporosa, da que apresentou na última São Paulo Fashion Week, em abril. Com inspiração no clima do Caribe e nos mosaicos do artista Paulo Werneck, ela apostou em recortes a laser, detalhes geométricos e cores primárias. As projeções gráficas em um telão ao fundo da passarela e o make das modelos, com batom vermelho e sobrancelhas desenhadas, completaram a proposta. “A moda carioca precisava da volta de um evento assim. Desfilar aqui é como receber meus amigos em casa”, disse a estilista. “Como tenho fábrica, para mim não foi difícil criar duas coleções, uma para São Paulo e outra para o Rio. Foi um bom exercício.”

Veterano da moda brasileira, Lino Villaventura também mostrou looks diferentes dos desfilados na última edição da SPFW. Mas, claro, manteve sua fórmula de peças ora estruturadas, ora fluidas, com detalhes artesanais e feitas técnica apurada. Na primeira fila, a cantora Vanessa da Mata era só sorrisos. Quem encerrou a primeira noite de desfiles do Rio Moda Rio foi o estreante Guto Carvalhoneto. Natural do sertão da Bahia, o estilista levou o conceito e o experimentalismo bem a sério em seu primeiro desfile.

A apresentação, batizada de “O Primeiro Grito”, começou com um vídeo em preto e branco de uma mulher nua e careca andando em uma paisagem sertaneja. Foi ela a primeira a aparecer na passarela, com um look branco que lembrava ataduras e tinha algo de perturbador. A sensação de estranheza continuou em outros momentos: uma espécie de retirante com saia de sinos atravessou a passarela mancando e houve até um cortejo fúnebre. “Meu desfile é uma esquizofrenia criativa em que o estranho se impõe”, escreveu Guto. Isso em relação à forma. Já o conteúdo é uma alfaiataria bem construída é perfeitamente usável. Toda coleção foi baseada em desdobramentos da camisa básica, apresentada de formas variadas. Até o mais conceitual dos desfiles tinha famoso na plateia. Dessa vez, o ator Juliano Cazarré. A semana de moda carioca possui mesmo um clima diferente.

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