O Rio Piracicaba atingiu vazão de 665 metros por segundo na manhã desta quarta-feira, 8, quase dez vezes a vazão média de junho, e alagou a região ribeirinha de Piracicaba, interior de São Paulo. O complexo turístico da Rua do Porto, onde fica o centro gastronômico, amanheceu inundado.
Alertados pela Defesa Civil, a maior parte dos moradores havia se deslocado para a casa de parentes. Mesmo assim, caminhões estavam à disposição dos atingidos para o transporte dos móveis. O total de famílias removidas ainda não tinha sido contabilizado.
A casa da doméstica Camila Rodrigues, de 30 anos, estava tomada pela água, mas ela não quis deixar o imóvel. “Erguemos os móveis e meu marido passou a noite vigiando o rio”, contou. Além do casal, moram no mesmo local a mãe dela, um filho e um sobrinho.
As gêmeas Tereza Paes Sotto e Lourdes Paes de Menezes, de 76 anos, moradoras da Avenida Beira-Rio, também preferiram ficar em casa. “A gente mora aqui há quase 70 anos e já passou por muita enchente, essa não assusta. A água logo baixa”, disse Tereza. Segundo ela, a última enchente no mês de junho aconteceu em 1983. “A água chegou no telhado.” Na última cheia do Piracicaba, este ano, a casa foi invadida pela água. “Chegou até o joelho”, lembrou Lourdes.
De acordo com a Defesa Civil, o Piracicaba é alimentado pelos rios Atibaia, Jaguari e Camanducaia, que receberam toda a água dos temporais recentes na região de Campinas. Com a trégua nas chuvas, a previsão é de que o nível baixe. O grande volume do rio atraía turistas para ver a queda de água, mas havia trechos do mirante interditados e placas alertando para o perigo.
No distrito de Artemis, a vazão do rio atingia 820 m/s e grandes áreas rurais estavam alagadas. A vila do Tanquã estava ilhada e moradores usavam barcos para acesso à cidade.