Opinião

Rio+20, discursos demais, práticas de menos

 


O texto da Rio+20 tem sido criticado porque avança pouco em ações efetivas: não deixa claro quais são os objetivos de desenvolvimento sustentável que o mundo deve perseguir, nem quanto deve ser investido para alcançá-los, e muito menos quem coloca a mão no bolso para financiar qualquer ação de sustentabilidade. O que o documento propõe são planos para que esses objetivos sejam definidos no futuro próximo.


Um dos grandes problemas do provável fracasso da Rio+20 é a crise econômica mundial, que acaba servindo como argumento para que os países ricos não realizem os investimentos necessários em um fundo ambiental, baseado no FMI.  Prevaleceu a tese de que cada país tem que fazer as suas ações. Há um consenso de que o documento não é satisfatório.


Já para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, entretanto, a “Rio+20 não é uma conferência que tenha fracassado. “Ela sinaliza novos caminhos em relação à biodiversidade e mantém o legado de 92. Muitos países desejaram rever o acordo de 92”, disse. Só que a representante do governo brasileiro não leva em consideração o fato de que as mudanças propostas deixam de lado exatamente as formas de financiamento. Tanto que o próprio embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, que liderou as negociações sobre a redação do documento, é enfático: “Quem pede ambição de ação e não põe dinheiro na mesa está sendo incoerente”, disse.


A presidente brasileira Dilma Rousseff, como não poderia deixar de ser, faz parte do grupo dos otimistas. Mesmo assim, está no campo dos discursos. Ela caracterizou a conferência como o início de um processo de renovação. “A tarefa que nos impõe a Rio+20 é desencadear o movimento de renovação de ideias e de processos, absolutamente necessários para enfrentarmos os dias difíceis em que hoje vive ampla parte da humanidade”. Ou seja, fica na área das teorias mas sem demonstrar que todos esses belos discuros podem se realizar. Talvez essa seja uma tarefa para a Rio+40.

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