O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) informou nesta quarta-feira, 6, que o risco de faltar energia neste ano continua zero para as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste. De acordo com o comitê, a projeção considera tanto a série histórica de chuvas, de 84 anos, quanto a série sintética, que desdobra o histórico em 2.000 cenários.
De acordo com o colegiado, há uma sobra estrutural de 12.899 megawatts médios para atender à demanda prevista no Sistema Interligado Nacional (SIN). Para este ano, a carga prevista é de 64.573 MW médios de energia. Já entraram em operação 4.323 MW de energia nova neste ano, sendo que 980 MW foram ativados desde a última reunião do comitê, no começo do mês passado.
Pela primeira vez desde o início de 2014 não foi necessário acionar usinas termelétricas pelo critério fora da ordem de mérito. Quando esse modelo é adotado, mesmo que o sistema não indique a necessidade de ligar termelétricas mais caras, o comitê emite a ordem para preservar os reservatórios das hidrelétricas.
Embora não haja nenhum risco de faltar energia para suprir o País, as chuvas ficaram abaixo da média histórica para junho nas regiões Sul, em 95%, e bem abaixo no Nordeste e Norte, respectivamente 31% e 43%. Já na região Sudeste/Centro-Oeste, onde ficam as principais bacias do País, as chuvas ficaram acima da média história, em 121%, e os reservatórios das hidrelétricas atingiram 56% de sua capacidade máxima no fim de junho.
Para o fim de julho, a previsão mais conservadora é que o nível dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste atinjam 46,4%. Para os reservatórios do Nordeste, a estimativa é de 22,8%; para o Sul, 64,5%; e para o Norte, 57%. O comitê ressaltou que as condições hidrológicas desfavoráveis no Norte e Nordeste podem exigir o uso de térmicas para garantir a segurança do abastecimento. A decisão será tomada conforme a evolução do reservatório da usina de Tucuruí e da geração de eólicas no Nordeste.
Subsídios
O comitê informou ainda que o governo vai aprofundar estudos a respeito do custo e eficiência dos programas sociais e subsídios bancados por encargos cobrados na conta de luz. A discussão deve ir além dos pontos introduzidos na Medida Provisória 735, que retirou a gestão dos fundos setoriais das mãos da Eletrobras e transferiu a administração à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
“O grupo vai aprofundar esses estudos e oportunamente organizar debates com o mercado, sob coordenação dos secretários de Energia Elétrica, Fábio Alves, e de Planejamento Energético, Eduardo Azevedo”, informou o comitê. O objetivo, de acordo com o CMSE, é promover o “restabelecimento dos sinais econômicos e da transparência, e da valorização do mercado e dos contratos”.
O comitê informou ainda que deve rever os parâmetros no modelo de despacho atual de térmicas e reavaliar a previsão de entrada em operação de empreendimentos de geração e transmissão no curto e médio prazos. A meta é dar uma visão mais realista aos agentes de mercado sobre a situação do sistema e aproximar a realidade física dos dados teóricos e análises computacionais.
De acordo com o CMSE, todas as mudanças e revisões periódicas dos dados serão feitas conforme procedimentos de governança. Por fim, o comitê informou que pretende atuar para reduzir a judicialização do setor elétrico e rediscutir o papel da energia de reserva.