Economia

Rossi e PDG despencam em meio a tentativa de reestruturação de dívida

A contratação de assessores financeiros para direcionar o processo de reestruturação de dívidas das incorporadoras PDG e Rossi aumentou as preocupações em torno da saúde financeira e operacional das companhias, desencadeando uma forte perda das ações. Para analistas de mercado, a chegada de terceiros sinaliza que a situação pode estar pior do que o esperado, já que elas não conseguiram, sozinhas, cumprir com suas obrigações.

“Esse é o último recurso que as empresas possuem para tentar reorganizar a estrutura financeira”, disse o analista Marcelo Motta, do JPMorgan. “A reação negativa do mercado ocorreu porque os investidores temem que os problemas das companhias sejam mais sérios do que o imaginado e que a geração de caixa não será suficiente para garantir os pagamentos.”

Para os próximos meses, o desafio da PDG é amortizar uma dívida corporativa de aproximadamente R$ 1,3 bilhão. Até o fim do ano, a Rossi tem de honrar compromissos que chegam a R$ 143 milhões.

Para ajudá-las nessa empreitada, as duas companhias anunciaram, recentemente, a contratação de empresas especializadas em reestruturação de dívidas. A PDG está sendo assessorada pelo banco Rothschild. O anúncio foi feito na segunda-feira pela nova diretoria da incorporadora. Foi a primeira mensagem pública de Márcio Tabatchnik Trigueiro e Maurício Fernandes Teixeira, que assumiram os cargos de diretor presidente e diretor vice-presidente.

Na terça-feira, 18, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou o rating da PDG de B- para CCC-. Todas as notas da companhia foram colocadas em observação com implicações negativas, o que indica que pode haver um novo rebaixamento se a S&P considerar que a reestruturação da dívida da empresa não foi bem sucedida. “O processo de reestruturação da dívida pode resultar em uma troca perigosa se os investidores receberem menos do que a promessa original, diz o comunicado.

Só em agosto, os papéis da empresa já registram queda de 29%. “Primeiro, sai a diretoria que dizia que ia resolver o problema e, agora, a nova gestão chega com um assessor financeiro. Isso tudo é negativo e o mercado acaba ficando cada vez mais pessimista”, afirmou o analista de um grande banco nacional que preferiu não ser identificado.

As mudanças também têm sido constantes na Rossi Residencial. No começo do mês, a companhia anunciou a contratação da assessoria financeira RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, conhecido como Ricardo K., e da Maxcap Real Estate, do empresário José Paim, para direcionar a reestruturação das operações. Já no começo da semana, Fernando Miziara de Mattos Cunha foi eleito o novo diretor financeiro e de relações com investidores, após a renúncia de Rodrigo Ferreira Medeiros da Silva no fim de julho. Só em agosto, a ação da companhia caiu 34%.

A Rossi também teve sua nota de crédito rebaixada no início do mês. A Fitch colocou o rating nacional de longo prazo da Rossi Residencial em BB+ (bra), de BBB (bra), abaixo do grau de investimento.

Para o analista Lucas Gregolin Dias, da Fator Corretora, o cenário macroeconômico também contribuiu negativamente para a situação das companhias. Ele lembrou que o setor de imóveis tem sofrido com a escassez de crédito e elevação de juros, o que gera distratos e prejudica a operação. “Havia a esperança de que o segundo semestre poderia trazer resultados melhores, mas a crise parece ser mais duradoura.” As empresas foram procuradas, mas não responderam até o fechamento da edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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