Após percorrer mais de 6 mil quilômetros a pé em rotas religiosas na Europa, o relações-públicas Claudio Leão, de 52 anos, se prepara para mais uma jornada. Agora, porém, bem mais perto de casa. Leão inicia em setembro o Caminho Religioso da Estrada Real (Crer), que será inaugurado oficialmente entre os dias 1.º e 3 de setembro, ligando o Santuário Estadual Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, ao Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo.
Ao todo, o percurso entre Caeté e Aparecida tem aproximadamente mil quilômetros e passa por 38 municípios mineiros e paulistas (mais informações nesta pág.). “Será algo transformador. Você nunca sai de algo assim da mesma forma que começou”, diz o relações-públicas. “Ao longo da história da humanidade, sempre foi atribuída às caminhadas de longa distância a capacidade de autoconhecimento. É assim, por exemplo, com o percurso de Santiago de Compostela”, diz Leão.
A Estrada Real foi o conjunto de rotas utilizadas no Brasil colonial para escoar para o Rio de Janeiro o ouro e os diamantes extraídos de Minas Gerais. O trajeto entre os dois santuários já é usado por caminhantes, mesmo sem estrutura de apoio.
O início. O projeto começou a ganhar forma em 2001, com a criação do Instituto Estrada Real (IER), para incentivar o turismo nas regiões cortadas pelas rotas. A estrutura do caminho inclui 22 quiosques, 38 paraciclos, uma escada de acesso, três passarelas, 64 placas informativas, 1.771 totens indicativos e 119 placas de advertência para os motoristas.
“O que fizemos com o Crer foi dar um produto concreto para o estímulo do turismo na Estrada Real”, afirmou o secretário de Turismo de Minas, Ricardo Faria. De acordo com ele, o investimento foi de aproximadamente R$ 4 milhões. O lançamento oficial da rota ocorrerá durante o 2.º Salão Nacional do Turismo Religioso, em Caeté, no início de setembro.
O percurso pode ser percorrido a pé, de bicicleta, a cavalo ou em veículos off-road 4X4, segundo a Secretaria de Turismo de Minas Gerais. O turista poderá adquirir um passaporte e marcá-lo em cada cidade por onde passar. Ao fim, em Aparecida ou Caeté, o peregrino receberá um certificado de conclusão de todo o percurso.
Leão, que já fez outros percursos dentro da Estrada Real, ajudou a fazer a demarcação do Crer. “A rota passa por 38 municípios e mais de 60 distritos. Cada cidade tem um padroeiro e pelo menos uma igreja. Será uma experiência extremamente mística”, conta.