Estadão

Roteiro caótico de Rebel Moon faz esquecer visual admirável

O cineasta Zack Snyder desperdiçou a oportunidade da vida. Ele vende Rebel Moon como o grande projeto que sempre quis fazer. Pensado como um spin-off de Star Wars, o filme foi recusado pela Disney após a compra dos direitos da saga de George Lucas. Talvez já tivessem previsto o que viria.

O diretor de Liga da Justiça ficou livre para criar uma história nova de batalhas intergalácticas. Mas o talento de montar visuais incríveis não salva o texto e o roteiro caóticos, de um longa que deveria ter sido feito para o cinema, mas já entra na Netflix nesta sexta, 22.

Esse, porém, pode ser um erro positivo para Snyder. Na exibição em celulares, computadores e TVs, o CGI (imagens geradas por computadores) o filme pode passar batido. E olha que os piores exemplos são justamente quando as naves aparecem no espaço. É como se ficassem descoladas do fundo. E feitas de resina.

O efeito é inaceitável em 2023. Especialmente quando a referência principal é Star Wars. Foram US$ 166 milhões investidos nas duas partes de Rebel Moon.

O filme começa até bem, com uma aura meio O Senhor dos Anéis tanto no cenário campestre quanto na trilha e nos efeitos sonoros – os grandes atrativos da película. Mas aí os personagens abrem a boca e o que jorra são frases feitas.

E o clichê não fica restrito às palavras. Depois de apresentar com uma beleza absurda os primeiros personagens, chega a nave dos vilões e a forma de mostrar isso não poderia ser mais batida. Sabe aquela cena em que alguém chega de carro, abre a porta e a câmera vai gradativamente fechando de planos abertos até chegar a um close-up no pé do intérprete? Mais repetido impossível, certo? Só que aqui o pezinho é o trem de pouso da nave. De rolar os olhos.

<b>Cópia</b>

Outro problema são as evidentes tentativas de homenagem a filmes do gênero, desde ficção científica, passando pela fantasia até aventura. A cena da taberna, por exemplo, não aterrissa como inspiração na de Star Wars, soa como cópia mesmo. Pior ainda acontece quando os mocinhos chegam a um planeta desconhecido e, de repente, assistem a uma luta meio sem cabimento com uma enorme aranha – tal qual como Laracna ou Aragogue. Este, definitivamente, é o ponto mais baixo do roteiro errático.

Sofia Boutella, como Kora, e o intérprete do vilão, Ed Skrein, entregam muito, principalmente nas cenas de ação. E ele é a encarnação do mal, como o impiedoso Almirante Atticus Noble. Um primor. No que, aliás, é outro ás do projeto: o elenco bem escalado.

Infelizmente, os tecnológicos cenários, que parecem conter apenas crepúsculos, e a boa vontade dos atores não compensam a narrativa irregular. E com a parte dois já prevista para 19 de abril de 2024, nem dá tempo de corrigir os erros.

Vale para um sábado à tarde, sem mais nada para fazer, com uma pipoquinha com bacon e coquinha gelada. Mas só.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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