A fase de grupos da Copa Libertadores para o São Paulo começou nesta quarta-feira com um vexame imenso e de prejuízo difícil de calcular. O azarão boliviano The Strongest jogou com tranquilidade e eficiência exemplares para fazer 1 a 0 e calar o Pacaembu nesta noite.
Desde 1982 o The Strongest não ganhava fora de casa pela Libertadores, jejum que comprova o quanto o resultado é decepcionante. A torcida que começou o ano otimista, saiu do Pacaembu revoltada e vaiando jogadores.
A solução será tentar recuperar os pontos perdidos em dois jogos seguidos fora de casa, contra o atual campeão River Plate e Trujillanos, da Venezuela. O São Paulo só volta a jogar em casa em abril.
A reação da torcida ao anúncio da escalação e à entrada em campo foi um grande teste de popularidade. Pelo menos no começo da noite, o São Paulo contava com apoio. Após falhar contra o Corinthians, Lucão foi poupado e teve o nome gritado, assim como os demais. A formação foi a mesma do clássico, exceto pela entrada de Kardec.
O jogo foi muito corrido, na velocidade de dois times apressados. Ainda no primeiro minuto o The Strongest se complicou em um recuo para o goleiro Vaca e Alan Kardec quase fez. O time boliviano respondeu em contra-ataque aos seis minutos, quando Ramallo colocou entre as pernas de Rodrigo Caio e chutou na trave.
A intensa disputa em campo rendeu três cartões amarelos em menos de 20 minutos e alguns sustos ao São Paulo. O time levou cerca de 15 minutos para controlar a partida, pois viu um adversário bem posicionado e com boas opções de contra-ataque. Depois disso, prevaleceu a lógica de o mandante favorito ter mais posse de bola e pressionar.
Essa nova etapa do jogo mostrou um São Paulo nervoso para finalizar e inseguro com a bola na defesa. O fantasma do erro crucial contra o Corinthians pairava a cada vez que o jogo estava nos pés dos zagueiros.
No ataque, o time obrigou o goleiro a fazer três boas defesas no primeiro tempo, mas a torcida não perdoou quando o atrapalhado Vaca novamente errou uma saída de jogo, ao dar a bola para Centurión. O argentino errou o domínio, ficou indeciso no que fazer e tentou resolver sozinho. Ele chutou para fora e, em resposta, escutou os gritos por Rogério.
As boas chegadas pelas pontas fizeram a equipe ter presença constante no ataque. A “blitze” foi apenas morna porque faltou um merecido gol para transformar o domínio em vantagem.
O otimismo em abrir o marcador fez o técnico Edgardo Bauza a ousar. No intervalo o técnico tirou o volante Hudson e colocou o atacante Calleri para aumentar a pressão. A presença de dois homens de área fez a equipe exagerar nos cruzamentos e ameaçar menos.
O preço pelos repetidos erros chegou quando o competente The Strongest achou o gol. A defesa parou e deixou o time boliviano tabelar na área. Alonso fez de peixinho aos 17 minutos.
A desvantagem acendeu o pavio do desespero do São Paulo. A cada instante o time perdia a calma e cada jogador queria resolver sozinho. Erros de passes, impedimentos e um nervosismo imenso deixaram o jogo como o The Strongest queria.
A noite torturante terminou com uma chance incrível de Kieza chutada para fora. O erro derradeiro mostrou que sem capricho e calma, não se pode se dar bem no futebol.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 0 x 1 THE STRONGEST
SÃO PAULO – Denis; Bruno, Lucão, Rodrigo Caio e Mena; Hudson (Calleri) e Thiago Mendes; Centurión (Rogério), Ganso e Michel Bastos; Alan Kardec (Kieza). Técnico: Edgardo Bauza.
THE STRONGEST – Vaca; Martelli, Pereyra, Maldonado e Cristaldo; Veizaga, Chamacero, Castro (Bejarano) e Escobar; Ramallo (Torres) e Alonso (Neumann). Técnico: Mauricio Soria.
GOL – Matias Alonso, aos 17 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Alan Kardec, Rodrigo Caio, Veizaga, Chumacero, Calleri.
ÁRBITRO – Mario Vivar (Paraguai).
RENDA – R$ 1.596.990,00.
PÚBLICO – 26.467 pagantes.
LOCAL – Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP).