Lima (Peru) e Bogotá (Colômbia) também foram convidadas para fazer parte do trabalho, que será desenvolvido em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Guarulhos foi a única cidade brasileira escolhida pela entidade devido ao trabalho executado nesta área, que reduziu os casos para números abaixo das médias estadual e nacional.
Atualmente, nossa cidade registra 31,4 casos de tuberculose para cada 100 mil habitantes contra 38 no Estado de São Paulo e no País. Dados da Secretaria Municipal de Saúde indicam uma taxa de 80% de cura da doença, que pode ser tratada nas 70 unidades básicas de saúde da rede – até 2004, apenas oito unidades ofereciam o tratamento na cidade, que inclui também a prevenção, a realização de exames para o diagnóstico e o acompanhamento diário dos pacientes.
O convite a Guarulhos para participar do projeto foi feito na manhã desta quarta-feira (27), em reunião no Paço Municipal, que contou com as presenças do prefeito Sebastião Almeida, da coordenadora das Ações de Controle de Tuberculose da Opas, Mirtha Del Granado, do coordenador do Programa Nacional de Combate à Tuberculose, Draulio Barreira, e do secretário de Saúde e vice-prefeito, Carlos Derman, além de profissionais da saúde envolvidos com o tema no município.
Destaque nacional
A coordenadora da Opas, Mirtha Del Granado, explicou que o estudo nas três cidades escolhidas permitirá conhecer melhor como tratar da doença em grandes centros. "Guarulhos, Lima e Bogotá são parecidas em tamanho, mas possuem realidades diferentes. Isso nos permitirá compreender como a doença se propaga nestes ambientes", afirmou a pesquisadora. Segundo ela, Guarulhos e Bogotá registram um número de casos muito semelhantes, ao contrário de Lima, onde hoje existem 100 casos para cada 100 mil habitantes na cidade e o dobro no interior.
"O Brasil tem um programa muito forte de combate à tuberculose, onde Guarulhos se destaca positivamente. A cidade hoje oferece acompanhamento observado aos pacientes, identifica suas populações de risco e se utiliza de estratégias para tratar da doença", ressaltou a coordenadora da Opas. "Outra coisa que faz a diferença é compromisso político de reduzir as desigualdades sociais nas regiões mais pobres, que são as que mais sofrem com a tuberculose."
Ela destacou que manterá contato permanente com as equipes da Secretaria Municipal de Saúde ao longo dos próximos meses para colher informações mais detalhadas sobre a cobertura de Saneamento Básico em Guarulhos, a metodologia de identificação dos doentes de tuberculose, em que se incluem grupos de risco como pessoas infectadas pelo HIV e a população carcerária, e até o tratamento de imigrantes, como bolivianos e paraguaios que vivem na cidade.
Del Granado disse que hoje existem 50 mil casos não identificados da doença em toda a América Latina, que podem levar a 30 mil óbitos por falta de tratamento. "A tuberculose é uma questão de saúde pública mas, acima de tudo, de justiça social. No geral, as cidades da América do Sul são as mais desiguais do mundo. Temos que lutar contra isso e romper o ciclo de pobreza que tem passado de uma geração a outra", afirmou Del Granado.