Opinião

Se o Cachoeira resolverfalar, não fica um

Se prevalecer a máxima de que o réu só falará em juízo, este dia será hoje. Carlinhos Cachoeira, acusado de formação de quadrilha, corrupção e outros crimes, que envolvem diretamente altos escalões de alguns governos estaduais e com sérias ligações com o governo federal, está apto a depor nesta quarta-feira em audiência na Justiça Federal em Goiânia, onde corre a ação penal decorrente da operação Monte Carlo da Polícia Federal.


Na capital goiana desde segunda-feira, para onde foi depois de transferido de Brasília, Cachoeira ainda tentava, por meio de seus muito bem pagos advogados, se safar do depoimento, alegando problemas psiquiátricos. No entanto, uma avaliação realizada ontem concluiu que ele está apto a falar tudo o que sabe, para desespero de muita gente que tem a perder.


 Ainda não se sabe se Cachoeira falará durante a audiência. Os advogados do bicheiro não revelam quais serão as estratégias. Acusado de chefiar uma rede de jogos ilegais em Goiás e articular benefícios para a empresa Delta Construções em gestões municipais e estaduais espalhadas pelo país, ele foi preso em 29 de fevereiro pela Polícia Federal.


Márcio Thomaz Bastos, advogado de Cachoeira, afirmou que seu cliente pode não falar nunca se quiser. E – para alegria dos mesmos que têm muito a perder – acrescentou que não há previsão nem intenção de que o réu delate cúmplices do esquema em busca de benefícios da Justiça Federal. Na CPI do Congresso Nacional, Cachoeira usou o direito constitucional de ficar calado. Já Andressa Mendonça, mulher do contraventor, declarou em entrevistas que ele pode falar tudo que sabe.


Em Brasília, Cachoeira, em uma das respostas aos parlamentares, confirmou a declaração de Andressa e disse que deve se manifestar em breve. “Tenho muito a dizer, mas só depois da audiência”. Mesmo sem nenhuma declaração durante as audiências, judicialmente o réu pode ser condenado com base nas provas juntadas ao processo e nos depoimentos das testemunhas. Ou seja, o silência pode ser prejudicial a ele mesmo. Por isso, o prazo para que ele revele o que sabe vai chegando ao fim. Se abrir a boca e revelar suas ligações com o poder desde os tempos do Mensalão… 

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