A oferta de etanol produzido no País será insuficiente para atender à alta de 5% na demanda pelos combustíveis usados em motores movidos a gasolina ou álcool na safra 2012/2013, segundo avaliação do governo realizada ontem. Projeções dos ministérios de Minas e Energia e da Agricultura apontam para uma oferta total de 25,5 bilhões de litros de etanol combustível na safra – iniciada em maio, com término em abril do próximo ano – e um consumo de 23,75 bilhões de litros.
Para o governo, o cenário de produção de etanol é marcado pela ausência de projetos de novas usinas, os chamados “greenfields”. No entanto, segundo o documento, programas de financiamento do governo trarão uma renovação de canaviais e recuperarão 150 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Esse volume de cana é 26% dos 574 milhões de toneladas de cana previstas para serem processadas na safra 2012/2013.
Na avaliação dos dois ministérios, a safra atual apresenta, até 1º de junho, uma baixa de 30% na moagem de cana, por causa das chuvas na última quinzena de maio, ou seja, ainda não foram considerados os longos períodos de paradas nas usinas este mês, considerado o junho mais chuvoso da história. Além disso, as usinas atrasaram o início da moagem da safra para que a concentração de açúcar e a produtividade da cana fossem ampliadas.
A alta prevista de 5% no consumo de gasolina e etanol, em 2012 ante o ano passado, será menor que o crescimento de 6,1% na demanda dos combustíveis de motores movidos a álcool ou gasolina de 2011 sobre 2010, caso se confirmem as projeções.
Diante deste quadro revelado pelo próprio governo, cresce a certeza de que o Brasil não soube dar a devida atenção e incentivos necessários à produção do combustível derivado da cana de açúcar e ecologicamente correto. Apenas incentivou-se a produção de veículos flex sem o devido cuidado com o setor. No fim das contas, como sempre ocorre, o consumidor – que acreditou no programa – é que pagará caro por tudo isso. Diante da iminente falta do etanol, nada mais natural do que a lei da oferta e da procura empurrarem os preços para cima.