Antes mesmo que se ouvisse falar em crise de abastecimento de água em São Paulo, a Editora Bei lançou um livro que lembrava justamente a irregular distribuição do líquido no Brasil – cerca de 80% de nossos recursos hídricos estão na Amazônia, mas, em São Paulo, por causa da superpopulação, restam apenas 810 m³/ano para cada habitante, segundo o volume publicado há quatro anos pela Bei, Como Cuidar da Nossa Água. Plataforma de discussão sobre o futuro das cidades, o Arq. Futuro, que será realizado nesta terça, 23, e quarta-feira, 24, no Auditório do Ibirapuera, retoma a discussão no fórum internacional “A Cidade e a Água”, que traz, entre outros nomes, o arquiteto japonês Shigeru Ban, prêmio Pritzker de 2014 (o Nobel de Arquitetura).
Ban, professor da Universidade de Kyoto e pioneiro no uso do papel reciclado em projetos arquitetônicos, desenvolve um projeto para parques nacionais da Amazônia, a convite do Ministério do Meio Ambiente. O arquiteto japonês faz nesta terça, a palestra inaugural no Auditório do Ibirapuera, seguido por Tim Duggan, que vai falar sobre arquitetura em tempos de necessidade.
Dugan e o arquiteto alemão Lard Krückeberg, também presente no Arq.Futuro, integram a fundação Make it Right (MIR), que tem como co-fundador o ator Brad Pitt. Duggan vai falar sobre uma experiência urbanística em Kansas e sobre uma reserva indígena do Estado americano de Montana. Krückeberg vai apresentar um projeto que fala do tratamento de água em grandes cidades.
Ambos são responsáveis pelo plano que a fundação MIR adotou para recuperar a cidade de Nova Orleans, após a passagem do Furacão Katrina, em 2005.
Além dos nomes citados, o Arq.Futuro reúne o urbanista Liu Thai Ker, de Singapura, e o cientista indiano Aswhin Mahesh, especialista em planejamento urbano. Mahesh tem um trabalho sobre saneamento, que apresenta hoje, às 14 horas, seguindo-se um debate sobre o diálogo Índia e Brasil, mediado por Fernando Reinach (colunista do Estado). Logo depois será realizado o debate sobre cidade e água com a participação de técnicos de vários países e representantes de órgãos públicos. Um dos temas desse debate é a crítica passagem da era da abundância para os tempos de escassez de água. “Crescemos com a ideia da fartura de água, o que nos levou ao desperdício”, comenta a editora Marisa Salles, organizadora do Arq. Futuro.