Em três anos, praticamente dobrou a proporção dos tomadores de crédito que recebem até um salário mínimo. Em 2011, eles representavam 11,9% do total de pessoas que buscavam empréstimos e, em 2014, são 22,8%. A faixa de renda de até R$ 724,00 foi a única que registrou a aceleração na demanda por crédito, segundo estudo inédito da Serasa Experian. Nas outras faixas salariais, os consumidores buscam cada vez menos recursos no varejo em consonância com o menor ritmo de crescimento do setor e do cenário macroeconômico, segundo a instituição.
A mudança no perfil revelado pelo estudo, de que pessoas de renda menor são as que buscam cada vez mais empréstimos, representa risco real para quem empresta devido ao aumento das chances de atraso nos pagamentos e superendividamento. No primeiro trimestre de 2014, a inadimplência foi a 8,7% ante 6,7% registrados no mesmo período de 2013, segundo a Serasa, que destaca ainda que o fato de 77% dos consumidores que buscam crédito recorrem a mais de um empresa sinaliza a maior probabilidade das contas saírem de controle.
“Atualmente, 74% dos que buscam financiamento de eletromóveis, 66% de quem compra vestuário no crédito e 57% de quem utiliza o crédito nas compras de material de construção ganha até dois salários mínimos”, diz o estudo. Nestes segmentos, entre 2011 e 2014, houve aumento da proporção dos clientes que apresentam probabilidade superior a 20% de não cumprirem seus compromissos financeiros nos quatro meses seguintes à concessão de crédito: de 32,4% para 38% em eletromóveis, e de 25,2% para 28,9% na construção, segundo os economistas da Serasa.
No entanto, ponderam, “as estatísticas provam que são eles é que estão aquecendo o mercado de crédito” no País. Na análise dos dados por região, metade dos consumidores da região Norte que buscam crédito no varejo são considerados de alto risco. Eles são 44% no Nordeste, 38% no Centro Oeste, 37% no Sudeste e 36% no Sul.