Serviços e covid impulsionam taxas de juros

Os juros recompuseram os prêmios na sessão desta quarta-feira, dia em que o investidor centrou as atenções para o noticiário doméstico. A pressão da etapa da manhã, derivada da pesquisa de serviços acima do teto das projeções, se somou, à tarde, pelo mau humor quanto ao recrudescimento da pandemia de covid-19 no Brasil e ao temor de pressões fiscais vindas de um eventual novo fechamento no País. O mercado monitora também a movimentação de grupos isolados de caminhoneiros que ameaçam uma greve em 1º de fevereiro.

O salto de 2,6% do volume de serviços prestados no mês de novembro surpreendeu o mercado logo na abertura, uma vez que o intervalo do Projeções Broadcast mostrava alta de 0,1% a 2,1% na margem. O dado de outubro também foi revisado de 1,7% a 1,8%.

Em relatório enviado a clientes no período da tarde, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, destacou que os segmentos de serviços que mais tiveram alta estão ligados à volta da mobilidade. "Esse dado deve contribuir para novas revisões positivas para o PIB em 2020 e para a redução da taxa de desemprego de maneira mais acelerada que o esperado anteriormente", disse.

Uma atividade mais forte no encerramento de 2020 corroborou, nesta sessão, a uma visão de que a política monetária pode ser mais dura para conter uma eventual alta da inflação. Não à toa, embora com alta em todos os trechos, o intervalo de curto e médio prazo, mais sensível à decisão sobre Selic, foi o destaque de aceleração nesta quarta.

Assim, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 saltou de 3,155% na terça a 3,255% (regular) e 3,28% (estendida). O janeiro 2023 foi de 4,816% a 5,035% (regular, na máxima, taxa mais alta desde o fim de novembro) e 5,04% (estendida) . O janeiro 2024 foi a 6,035% (regular) e 6,02% (estendida).

Há também uma preparação do mercado ao leilão do Tesouro da quinta-feira cedo, que tende a estressar as taxas. Haverá oferta de LTN para 1º/10/2021, 1º/1/2023 e 1º/7/2024, de NTN-F para 1º/1/2027 e 1º/1/2029 e de LFT para 1º/3/2022 e 1º/3/2027.

Na parte mais longa da curva, o janeiro 2027 avançou de 7,114% a 7,28% (regular e estendida).

Aqui o destaque ficou para o noticiário mais ligado à pandemia e à política. Perto das 14 horas, o governo paulista adiantou a próxima revisão do Plano São Paulo do dia 5 de fevereiro para esta sexta-feira, 15 de janeiro, num sinal lido pelo mercado de que medidas de restrições devem ser reimpostas.

Até a terça, o Estado concentrava 1.561.844 dos 8.195.637 casos de covid no Brasil (19% do total) e 48.662 das 204.690 mortes (23,7%), de acordo com o Ministério da Saúde.

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