Reportagem exibida pelo jornal SPTV 2ª Edição, da TV Globo, nesta quinta-feira, mostrou – assim como o jornal Folha Metropolitana já havia trazido na semana passada – que cerca de 40 servidores da Câmara Municipal de Guarulhos receberam verbas muito acima do que os salários referentes ao mês de janeiro. Com a repercussão negativa do caso e diante da crise financeira que passa o município, o Legislativo teria determinado que o dinheiro seja devolvido, mas em parcelas mensais, que podem levar até 18 anos e meio para serem quitadas.
Segundo a reportagem que teve acesso ao Portal do Servidor do Legislativo, que motra os valores pagos, há casos em que o funcionário levou para casa 22 vezes mais que o salário base de uma só vez neste mês de janeiro, como é o caso de Sérgio Luiz Deboni, secretário chefe de Gabinete, um cargo de confiança do presidente da Casa, Eduardo Soltur (PSD). Ele recebeu pouco mais de R$ 145 mil, sendo que o salário base gira dele em torno de R$ 6.400,00. No entanto, o advogado – que tem forte influência política na Casa de Leis – sempre recebeu valores bem acima, por incorporar diversas gratificações oferecidas pelo serviço público, tudo dentro da lei.
Em entrevista à TV Globo, Deboni disse que não há nada de errado nos valores recebidos, já que se trataria da restituição de férias que não foram pagas na década de 80. “É um direito meu. Trabalhei quatro meses, cerca de 10 horas por dia na época”, afirmou.
Já Aparecido dos Reis Machado, diretor de administração de RH da Câmara, deu outra versão. Ele alegou à reportagem que recebeu em janeiro 12 vezes mais que o salário, porque seriam valores que não foram pagos em 2016. “Eram vantagens incorporadas no salário que não foram pagas . E agora eles consideraram que deveriam pagar”, alegou.
Ainda segundo a TV Globo, diante da crise financeira que passa Guarulhos, o presidente da Câmara, Eduardo Soltur, teria determinado que todos os servidores que receberam os valores a mais façam a devolução do dinheiro. Porém, o dinheiro só voltará aos cofres público em parcelas que podem levar anos para serem quitadas, já que a determinação seria a de que as parcelas que não podem passar de 10% do que os funcionários recebem dos salários mensais.
Se a informação for confirmado, no caso de Deboni, considerado-se 10% do salário base de R$ 6.431,033 por mês, o valor de R$ 145.162,87 que ele levou só voltará aos cofres públicos ao longo de 225 meses, ou seja, em 18 anos e meio.