Servidores técnico-administrativos de mais quatro universidades federais anunciaram nesta quarta-feira, 17, que não vão fazer as matrículas do segundo semestre do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Em greve desde maio, os sindicatos veem a ação como uma forma de pressionar o governo a negociar as demandas da categoria.
A matrícula deve ser feita nesta sexta-feira, 19, segunda e terça-feira da semana que vem, 22 e 23. Se as universidades não formalizarem o ingresso dos alunos, todo o sistema pode ser prejudicado, uma vez que o Sisu permite que um mesmo aluno tente vaga em mais de uma instituição. Os estudantes que fizeram o Enem em 2014, inscreveram-se no Sisu do segundo semestre de 2015 e foram aprovados precisam fazer a matrícula presencial na universidade onde pretendem estudar. Essa etapa é que está ameaçada com a greve.
A medida foi anunciada pelas universidades federais de Santa Catarina (UFSC), Piauí (UFPI), Juiz de Fora (UFJF) e Ouro Preto (Ufop). O Estado mostrou nesta que ela já havia sido anunciada pelas duas universidades com maior número de inscritos, a de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), e também pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e a Federal Fluminense (UFF). A federal do Rio Grande do Sul (UFRG) vota nesta quinta em assembleia se também vai boicotar as matrículas.
“O número de universidades com boicote às matrículas pode ser ainda maior. Essa ação é de responsabilidade do governo, que não dialoga com a categoria e deixou as instituições em crise, sem condições de funcionamento”, disse Gibran Ramos Jordão, diretor da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Instituições de Ensino Superior do Brasil (Fasubra).
Na UFSC, o sindicato dos servidores informou que não vai fazer nenhuma “ação radical” para impedir as matrículas. No entanto, disse que a adesão à greve é crescente, e os alunos devem ter dificuldades para conseguir efetuar as matrículas.
Na UFPI, esse será o segundo ano em que as matrículas do segundo semestre do Sisu são suspensas por causa de uma greve. No ano passado, o registro atrasou e a universidade teve de estender o prazo.
Em nota, o MEC informou que, ao participarem do Sisu, as instituições têm de assegurar o direito do estudante à matrícula e disse que ainda não tem “informação” de que a greve possa afetar o processo. O ministério informou que, na paralisação de 2012, a UFRJ garantiu a matrícula dos alunos por meio de um sistema online, com comprovação documental posterior.
Greve
A paralisação dos técnicos afeta 48 instituições federais. A categoria reivindica reajuste de 27,3% no piso salarial. Também é contrária aos cortes nos orçamentos das universidades e à expansão da terceirização no serviço público.