O setor avícola brasileiro precisa estar preparado para identificar casos suspeitos de gripe aviária. Esta é uma das preocupações do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) do Ministério da Agricultura (Mapa), coordenado por Bruno Pessamilio.
O coordenador fez este alerta na semana passada, no Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavis), em São Paulo. Para Pessamilio, o setor precisa estar preparado para identificar a doença. “Não podemos ficar sabendo só por meio de uma pesquisa científica que será publicada anos depois. Temos de ser notificados o quanto antes para poder controlar a situação”, disse. “Quando um caso é identificado, o prejuízo para uma granja de grande porte é na casa de milhões”, ressaltou. Além disso, para ele, granjas sem biossegurança “terão, sem dúvida, cada vez mais restrições de mercado”.
O recente surto da doença em países como os Estados Unidos, onde mais de 48 milhões de aves foram mortas, provocando prejuízos para a indústria acima de US$ 1 bilhão, eleva os temores da entrada do vírus no Brasil. O conhecimento técnico pode acelerar o controle de uma possível incidência da doença e fazer com que os órgãos competentes reduzam o alcance da contaminação, defende o coordenador do PNSA.
Para que isto aconteça, o ministério revisou o Plano de Prevenção e Vigilância de Influência Aviária e Newcastle. Trabalho que foi concluído e ainda deve passar por uma consulta pública para entrar em vigor. Na revisão, o governo estabelece novos padrões de identificação da doença, mais agilidade nos processos e amplia as exigências sanitárias para a prevenção. Uma das alterações, por exemplo, prevê o abate de aves suspeitas antes mesmo da conclusão do laudo veterinário.
O Brasil é o único dentre os principais produtores globais que até hoje não teve registro da doença. No entanto, há temores de que o vírus da gripe aviária possa romper as barreiras agropecuárias do País por meio de aves migratórias e também pela importação de matrizes de linhagem pura.
Segundo o coordenador do PNSA, o País ainda é totalmente dependente da importação de matrizes de genética de linhagens puras e a maioria dos países que fornecem o material tem foco da doença, caso dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Canadá. No ano passado, o Ministério da Agricultura ampliou as exigências para a entrada dessas matrizes e limitou a importação, permitindo apenas a entrada de ovos férteis e barrando a de pintos de um dia.
Em relação às aves migratórias, o risco pode aumentar em setembro, mês em que os animais se deslocam do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul. “Todos estão preocupados com este período”, afirmou a coordenadora-geral de Combate a Doenças do Ministério da Agricultura, Denise Euclydes da Costa.
Pessamilio acrescentou que, apesar de o Brasil nunca ter tido um caso confirmado de gripe aviária, há Estados que chegam a notificar 3 mil casos suspeitos por ano. Destes, entre 50 e 100 são classificados como prováveis e, até hoje, todos foram descartados.