Economia

Sistema financeiro mostrou-se suficientemente líquido no 1º semestre, diz BC

O sistema financeiro brasileiro mostrou-se suficientemente líquido no primeiro semestre deste ano, conforme avaliação feita pelo Banco Central, no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 15. De acordo com o documento, os bancos aumentaram no período sua capacidade de absorver choques de liquidez no curto prazo, enquanto o risco de liquidez estrutural se manteve estável, “com os ativos de longo prazo sendo integralmente suportados por captações estáveis”.

De acordo com o Banco Central, no entanto, o ambiente adverso da economia continuou a se refletir nos indicadores de crédito no primeiro semestre, de “maneira pronunciada”, o que resultou na “manutenção da cautela na concessão de crédito e na baixa demanda por parte dos tomadores”. A consequência foi o baixo crescimento da carteira de crédito dos bancos.

Por outro lado, em função deste ambiente adverso, as renegociações e reestruturações de dívida se mantiveram em alta no primeiro semestre, de acordo com o Banco Central, “como forma de ajuste dos fluxos financeiros esperados à capacidade de pagamento de famílias e empresas”.

O Banco Central destacou ainda que “a inadimplência cresceu ao longo do semestre, com exceção do mês de junho”. Naquele mês, houve redução da inadimplência devido a “relevante” reestruturação de dívidas. De acordo com o BC, por ora ainda não é possível inferir a respeito de uma possível reversão de tendência do indicador de inadimplência.

Índice de Basileia

O Índice de Basileia do Sistema Financeiro Nacional atingiu 16,5% em junho deste ano, ante uma taxa de 16,3% verificada no encerramento de 2015, de acordo com o REF. No fim do primeiro semestre do ano passado, a taxa também estava em 16,3%. O nível mínimo regulatório é de 11%.

O indicador é um conceito internacional definido pelo Comitê de Basileia que recomenda uma relação mínima entre o Capital Base (Patrimônio de Referência – PR) e os riscos ponderados. O porcentual significa que, para cada R$ 100,00 que um banco empresta, é preciso ter R$ 11,00, levando-se em consideração o nível mínimo regulatório.

Já o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (RSPL) do sistema bancário caiu para 13,4% ao ano em junho deste ano, ante taxa de 15,5% vista em dezembro do ano passado. No fim do primeiro semestre de 2015, estava em 14,8%.

De acordo com o BC, a retração do lucro líquido refletiu os desafios do ambiente econômico interno, com impactos tanto nos bancos públicos quanto nos privados os bancos privados.

A retração de rentabilidade decorreu ainda do aumento das provisões que, no semestre passado, não foram compensadas por resultados extraordinários da ativação de crédito tributário. “Embora as receitas de serviço tenham apresentado crescimento real, não foram suficientes para neutralizar o efeito das provisões”, afirmou o documento.

A autoridade monetária lembrou que o aumento do nível de provisões no primeiro semestre de 2016 respondeu ao aumento da inadimplência e da perspectiva de perdas, ambos decorrentes do processo de deterioração de qualidade das carteiras de crédito.

Índice de Liquidez

O Índice de Liquidez (IL) do Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 1,90 em dezembro de 2015 para 2,10 em junho deste ano, de acordo com o REF. Esse é o maior patamar para o indicador na série calculada pela metodologia atual, que teve início em 2012. Em junho de 2015, o IL estava em 1,73.

Esse indicador é usado para avaliar a capacidade de pagamento de instituições financeiras em relação a suas obrigações e representa a relação entre os ativos mais líquidos do sistema bancário e a honra de seus compromissos em um prazo de 30 dias. Quanto maior o número, mais confortável é a situação de liquidez dos bancos.

De acordo com o documento, com um cenário de arrefecimento e encurtamento do crédito ao setor real, o estoque de ativos de alta liquidez do sistema bancário prosseguiu crescendo ao longo do primeiro semestre de 2016. Com isso, a capacidade do sistema em suportar choques de liquidez no curto prazo se manteve em níveis historicamente elevados.

Já o Índice de Liquidez Estrutural (ILE), apesar de ter apresentado uma leve alta no começo do ano, encerrou o primeiro semestre no mesmo patamar de 1,06 de dezembro do ano passado. No primeiro semestre de 2015, ele estava em 1,05. O desejável é ter um índice perto ou acima de 1, já que esse termômetro serve para verificar quanto as instituições possuem de recursos estáveis em seus passivos para fazer frente a um ativo de mais longo prazo, seja ele crédito, investimento ou participação societária, entre outros.

Em anos anteriores, o risco de não haver essa margem vinha aumentando, decorrente do maior ritmo de expansão da carteira de crédito, principalmente por parte dos bancos públicos, e do aumento de outros ativos de longo prazo, como créditos tributários e participações societárias em companhias coligadas e controladas. Isso fez com que o ILE saísse de 1,12 ao fim de 2011 para 1,06 no encerramento de 2013.

No REF divulgado nesta quinta, o Banco Central informou que “o sistema bancário segue contando com recursos estáveis em volume suficiente para financiar suas atividades de longo prazo”.

De acordo com o BC, a maior parte das instituições de grande porte possuíam em junho um ILE ligeiramente acima de 1, enquanto as instituições de menor representatividade apresentaram um indicador “mais disperso”.

As instituições financeiras que apresentaram ILE igual ou superior a 1 detinham 76% dos ativos do sistema em junho, ante 84% ao fim do ano passado e 93% no encerramento do primeiro semestre de 2015.

IHH

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) divulgado pelo Banco Central mostra que o Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH), utilizado para o monitoramento sistemático dos níveis de concentração do segmento bancário no Sistema Financeiro Nacional, registrou 1381 para ativos totais, 1667 em operações de crédito e 1602 em depósitos totais.

De acordo com o BC, o IHH manteve-se dentro do intervalo considerado como de moderada concentração, segundo referência adotada pela autoridade monetária, uma vez que os valores mantiveram-se entre 1.000 e 1.800.

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