Solidez em dados da China garante ganhos do Ibovespa

Dados reforçando consistência da recuperação da economia chinesa após o auge da crise de covid-19 acalmam investidores, abrindo espaço para valorização da Bolsa brasileira. Ao mesmo tempo o otimismo com a imunização contra a covid-19 em algumas partes do globo permite alta na maioria dos ativos acionários externos, sobretudo no pré-mercado de Nova York.

Hoje, a FDA confirmou que a vacina experimental para a covid-19 desenvolvida pela Moderna é 94,1% eficaz, conforme resultados revisados da fase 3 dos testes clínicos. A expectativa é que a autorização aconteça nesta sexta-feira. sinal de alta ainda é sustentado pelo desempenho do índice de atividade industrial Empire State do Fed de Nova York, que caiu a 4,9 em dezembro, ante previsão de 5,4.

Na China, a produção industrial subiu 7% em novembro, após 6,9% em outubro, e acima da expectativa de analistas de alta de 6,8%. As vendas no varejo cresceram 5% no mês passado, depois de 4,3%, ante estimativa de 5,5%. Já as vendas de moradias na China tiveram expansão de 9,5% entre janeiro e novembro ante igual período do ano passado, acelerando ante o dado anterior de 8,2%. O minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, por sua vez, encerrou em elevação de 0,45%, a US$ 155,07 a tonelada.

Essas valorizações ajudam a garantir alta principalmente das ações de empresas ligadas a commodities metálicas, que ontem passaram por realização de lucros.

Às 10h38, o Ibovespa subia 0,63%, aos 115.335,30 pontos, após máxima aos 115.405,49 pontos, enquanto o dólar à vista caía 0,58%, a R$ 5,0930. CSN ON (7,20%) liderara a lista de maiores ganhos do Ibovespa, seguida por Usiminas PNA (7,14%), após dados robustos da China. Vale ON subia 1,62%. Do setor financeiro, destaque para Unit de BTG (2,34%).

Outro reforço de ganho vem do petróleo, que sobe em torno de 0,80% no exterior, após a AIE reduzir em 170 mil barris por dia (bpd) sua previsão para o crescimento da demanda global pela commodity em 2021. Petrobrás ON (0,68%) e 0,76% (PN) subia.

Na avaliação de Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, "os dados sólidos da China contribuem com a melhora de humor, mas o risco da adoção de medidas mais duras para o combate da nova onda de covid-19 e a demora para o avanço do pacote de estímulo fiscal nos EUA preocupam."

Diante desse quadro, a possibilidade de retorno do Ibovespa para o campo positivo hoje pode ser limitada. Ontem fechou em queda de 0,45% (114.740,10 pontos). O recrudescimento das preocupações fiscais no Brasil e temores relacionados a um novo pacote de estímulos aos EUA e ante o Brexit são alguns dos eventuais incômodos citados por analistas. O espalhamento dos casos da pandemia de coronavírus no mundo também estende a preocupação nos mercados, à medida que novas medidas de isolamento social têm sido adotadas.

Nos EUA, a presidente da Câmara dos Representantes do país, Nancy Pelosi, afirmou que o Congresso norte-americano precisa fechar um acordo e aprovar ainda esta semana o projeto do pacote de estímulos fiscais que combate a crise do novo coronavírus nos Estados Unidos.

Com a situação da pandemia do novo coronavírus ainda longe de um equacionamento também no Brasil, crescem as demandas por medidas de suporte no início do próximo ano. Ou seja, conforme o economista, "o alívio externo deve ser parcialmente contido pela continuidade das preocupações fiscais e políticas."

O governo brasileiro estuda antecipar o 13º de aposentados e do abono salarial caso a covid-19 ganhe força. As medidas, conforme Campos Neto, não afetam o teto de gastos, mas aumentam a necessidade de financiamento no curto prazo. "O fiscal e auxílio preocupam. Então, o ganho pode ser limitado", reforça um operador.

Já o presidente Jair Bolsonaro deve assinar hoje a Medida Provisória com o aval à liberação de R$ 20 bilhões para a compra de vacinas contra a covid-19. Ao mesmo tempo, afirmou que a imunização não será obrigatória e que quem optar pela vacina, assinará um termo de responsabilidade.

Em tempo: a ata do Copom, informada hoje, após a manutenção da Selic em 2,00%, trouxe poucas novidades em relação ao comunicado, avalia a equipe econômica do BTG Pactual. "O comitê afirmou que as condições para a manutenção atual do forward guidance seguem satisfeitas. Contudo a convergência das expectativas e projeções de inflação para a meta podem comprometer a cláusula do forward guidance em breve", cita a nota do BTG.

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