O empate em 5 a 5 na votação final do Supremo Tribunal Federal sobre a validade da Lei do Ficha Limpa para as eleições da semana que vem transferiu para os eleitores a decisão sobre a permanência dos candidatos condenados pela Justiça na vida política. Como não há um veredicto do órgão maior da justiça brasileira, não há outra saída ao Tribunal Superior Eleitoral que aceitar que mais de 200 políticos brasileiros, em situação nada recomendável, pois já foram julgados em instâncias superiores, participem do processo em 3 de outubro. O caso mais emblemático e que levou o STF a se reunir nestes dois últimos dias é o do ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC), que tenta voltar, depois que renunciou ao cargo de senador dois anos atrás para não se tornar inelegível. Se a Lei do Ficha Limpa vigorasse neste ano, conforme aprovaram Câmara Federal e Senado, ele não poderia concorrer em 3 de outubro, como era o entendimento da TSE. Mas, com o empate da madrugada passada, ele encontrou uma forma alternativa de ir para a urna eletrônica e passar pelo crivo do eleitor. Nesta sexta-feira, renunciou à sua candidatura em favor da própria esposa, já que corria o risco de ser cassado numa nova decisão da Justiça. Em São Paulo, o caso mais notório é o do ex-governador Paulo Maluf (PP) que teve a candidatura barrada pelo TSE devido às condenações que acumula em sua carreira política. Porém, pode se manter na corrida eleitoral a partir de recursos na Justiça. Com a falta de decisão do TSE, ele se junta aos demais fichas sujas e deve ter seu nome confirmado nas urnas. Nunca é demais lembrar que ele foi um dos candidatos paulistas mais votados para deputado federal nas eleições de 2006. Diante desses casos, mais do que nunca, torna-se fundamental que a população fique mais atenta ainda aos currículos das pessoas que escolherão para ser seus representantes durante os próximos quatro anos. Por que depositar seu voto em pessoas desabonadas pela Justiça quando há uma série de pessoas sérias aptas a disputar as eleições? Eleição é coisa séria. E Guarulhos, o segundo maior colégio eleitoral do Estado, precisa garantir uma representação maior e mais atuante na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Há dezenas de nomes da cidade na disputa. Quase todos fichas limpas. Conforme levantamento realizado pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) e publicado com exclusividade pelo Guarulhos Hoje na quarta-feira, quatro guarulhenses têm maiores chances de obter êxito nas urnas só para o Congresso. Ou seja, há opções bastante viáveis para os eleitores, que devem definir o que querem para suas vidas daqui para a frente. Afinal, as eleições de 3 de outubro são muito importantes para os destinos de Guarulhos. O que o eleitor decidir agora delineará os rumos que a cidade pode tomar a partir de uma maior ou menor representação, assim como a definição clara dos papéis de quem é situação e oposição no município. Nos dois casos, que se privilegiem aqueles que são, notoriamente, fichas limpas.