A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) tem registrado um aumento expressivo no número de pessoas abandonando a força de trabalho, que não estão empregadas nem procurando emprego, a exemplo do que vem mostrando a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Pnad Contínua, o movimento de saída do mercado de trabalho tem se dado de forma mais intensa na região Sudeste, onde ficam três das seis regiões metropolitanas que integram a PME. No Nordeste, por outro lado, o número de pessoas nessa situação está diminuindo.
O total de inativos no País aumentou 2,8% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, o que significa que 1,758 milhão de brasileiros engrossaram a inatividade. O Sudeste foi responsável por 77% desse contingente que deixou o mercado de trabalho. No mesmo período, o Nordeste registrou até recuo no número de inativos, de -0,4%, 68 mil pessoas a menos fora da força de trabalho.
Para especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, essa saída da população do mercado no Sudeste tem sido causada por uma atividade econômica mais fraca na região em comparação a outras regiões, como o Nordeste, cuja economia tem crescido de forma mais rápida.
“Esse movimento mais intenso no Sudeste tem a ver com uma atividade econômica mais fraca na região. Isso pode estar relacionado com o fato de o Sudeste ter uma concentração maior da indústria, setor que apanhou mais no último ano”, avaliou o economista Bruno Campos, da LCA Consultoria Integrada.
A taxa de desemprego na região Sudeste permaneceu em 6,9% no terceiro trimestre, ante 6,9% no segundo trimestre do ano. No entanto, houve ligeira redução de 0,1% na população ocupada, com o fechamento de 55 mil postos de trabalho no período. Ao mesmo tempo, a população desocupada teve pequeno aumento de 0,1%, com duas mil pessoas a mais na fila do desemprego. A taxa de desemprego manteve-se estável na região devido ao aumento da inatividade na passagem do segundo para o terceiro trimestre, de 1,2%, com a saída de 316 mil pessoas da força de trabalho.
A região Sudeste já concentra 42% de toda a população não economicamente ativa do País. Em relação ao terceiro trimestre de 2013, houve aumento de 5,4% no contingente de inativos, 1,365 milhão de pessoas que deixaram o mercado de trabalho local.
A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara, acredita que grande parte dessas pessoas deve estar buscando se qualificar mais após perderem o emprego. A economista ponderou, contudo, que não é possível afirmar se os trabalhadores que estão perdendo o emprego entraram em desalento, ou seja, desistiram de procurar trabalho por não acreditar que conseguiriam um novo emprego. “O mercado tende a piorar nos próximos meses, e é possível que o Sudeste acabe sofrendo mais, mas será um movimento geral”, disse Thais.