O superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Rio Grande do Sul, Francisco Signor, foi afastado do cargo nesta terça-feira após a Polícia Federal deflagrar uma operação que desvendou um esquema criminoso na Pasta que favorecia empresas do setor agropecuário.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Aldronei Rodrigues, o superintendente teve “participação ativa” nas irregularidades, fazendo a intermediação com as companhias beneficiadas. Um servidor, uma ex-servidora e seu marido também são investigados.
A PF informou que o grupo agia em benefício de empresas por meio de atos como a redução dos valores de multas e a postergação de processos de autos de infração. Outra prática identificada envolvia pagamentos de propina aos funcionários do Ministério através de uma prestadora de serviços que realizava eventos para a superintendência regional.
Segundo a PF, que contou com o apoio do Ministério Público Federal e da Corregedoria Geral da União, o esquema ocorria pelo menos desde novembro de 2013. Signor tem negócios no setor agropecuário e já foi presidente do Instituto Rio-Grandense de Arroz (Irga). Ele está no comando do escritório regional do Ministério há 12 anos, por indicação política.
Leite Compen$ado
A Polícia Federal também apontou que o superintendente se utilizou do cargo para interferir em fases da Operação Leite Compen$ado, do Ministério Público, que traz a público casos de adulteração do produto desde 2012.
A investigação da PF apontou que Signor solicitava a servidores do Ministério no Rio Grande do Sul o calendário de fiscalização de companhias do setor leiteiro. Depois, informava a determinados empresários que haveria a visita dos fiscais agropecuários. “(Identificou-se) suposta interferência do superintendente dentro do andamento da fiscalização para a operação Leite Compen$ado”, disse Rodrigues.
O delegado ainda afirmou que, como o superintendente é proprietário de uma empresa de transporte de animais e de leite, havia um conflito estabelecido, uma vez que ele representava os interesses do órgão fiscalizador, mas também tinha interesse no próprio mercado.
A Operação Semilla investiga crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, advocacia administrativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Durante a ação, na terça-feira, 12, a PF cumpriu seis mandados de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva nas cidades de Porto Alegre e Sapiranga. Mais de R$ 100 mil foram apreendidos.