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Sustentabilidade faz bem

A cerca de sete meses da realização da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, é fundamental que governos e a sociedade mobilizem-se e se debrucem sobre o tema, considerando ser o evento uma grande oportunidade de se conter a tempo as consequências do efeito estufa, resgatar a qualidade ambiental e equacionar o abastecimento de água e a segurança alimentar.  A humanidade está atrasada na agenda de sua sobrevivência, considerados os pífios resultados de iniciativas como o Tratado de Quioto e a Agenda 21, documento basilar da Rio 92.


Em todo esse contexto, é fundamental o engajamento das empresas, que, independentemente das decisões governamentais, podem fazer muito. Felizmente, observa-se no universo corporativo dos mercados emergentes que cresce o número de organizações preocupadas com a questão e que  muitas delas estão se beneficiando de iniciativas que aliam progresso ao desenvolvimento sustentável, mantendo práticas ambientais sensatas e crescimento social e econômico responsável.


Em nosso país, o conceito emergiu com força na década de 1990. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), 46% das empresas entrevistadas afirmam que têm políticas de sustentabilidade e 37% possuem um departamento específico dedicado ao assunto. Contudo, os números mostram que o conceito ainda não está devidamente incorporado na totalidade das organizações: é estratégico para 32%, pontual para 30%,  informal para 23%, existente, mas não aplicado em 11% e inexistente em 4%. Como se observa, temos muito a avançar.


Uma contribuição relevante no sentido de sensibilizar as empresas e a sociedade quanto à importância das práticas sustentáveis é a disseminação ampla de suas vantagens. Exemplos inequívocos desses benefícios encontram-se nas chamadas construções sustentáveis, caracterizadas pela presença de painéis de energia solar; captação da chuva, dispositivo de redução do consumo e reúso da água; utilização de matérias novos recicláveis, que possam ser usados nas reformas; fonte de energia eólica; filtros e sensores de dióxido de carbono, melhorando a qualidade do ar interno; aproveitamento de ventilação e iluminação naturais; paisagismo com espécies nativas; e mínima ocupação do solo, favorecendo a permeabilidade.


O avanço dos conceitos de sustentabilidade na arquitetura e construção suscita enormes oportunidades no tocante ao desenvolvimento de produtos, materiais, serviços e tecnologia. Implica, porém, os desafios de estimular todo esse movimento nos sistemas produtivos e incentivar a pesquisa e inovação. O compromisso com a sustentabilidade não pode mais ser adiado. Se na Rio 92 a situação do Planeta era de alerta, na Rio+20, é de emergência. Mais do que nunca, as empresas devem ser agentes de desenvolvimento e o poder público, instrumento de transformação.


 


Juan Quirós


Presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).

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