Independentemente dos resultados das urnas no próximo domingo, quando os brasileiros irão escolher entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) o novo presidente da República, todo o embate político vislumbrado ao longo desta campanha serve para revelar a verdadeira face de determinados políticos que mudam de postura conforme a conveniência do momento.
A sociedade, independentemente de sua preferência partidária, deveria se levantar em defesa do bispo diocesano de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que vem sofrendo pesados ataques por parte de lideranças petistas, como o ex-prefeito Elói Pietá, pelo simples motivo de ele defender uma causa que entende ser um preceito religioso: a vida. Ainda mais que as mesmas pessoas que agora atacam o bispo são exatamente as mesmas que, durante a campanha para prefeito de Guarulhos, em 1996, o defendiam com unhas e dentes pelo mesmo motivo: por defender os interesses de sua igreja.
Nesta semana, o ex-prefeito chamou os jornais amigos da administração petista para desfiar um rosário de críticas a dom Luiz. Usou as páginas dos periódicos para denegrir a imagem do líder religioso que, em diversos momentos, vem a público sugerir a seus fiéis que evitem votar em candidatos não comprometidos com a vida. O bispo não se convenceu da mudança de postura da candidata petista, que agora diz que não levará em consideração o programa de governo de seu partido, que defende a descriminalização do aborto.
Sem entrar nesta discussão, vale salientar que não deveria mais caber na sociedade democrática tal tipo de manifestação contra alguém que não comunga de suas ideias. Talvez, essa realmente seja a intenção desses grupos. Cercear o direito de manifestação e pensamento daqueles que buscam caminhos diferentes que o deles.
Para desespero desses grupos, o papa Bento XVI, em discurso a religiosos brasileiros no Vaticano, afirmou que os bispos têm o dever de emitir juízos morais, mesmo em matérias políticas. O papa não se referiu diretamente ao segundo turno da eleição presidencial brasileira. Mas garantiu ser dever dos fiéis leigos trabalharem por uma ordem social justa e como cidadãos livres e responsáveis, se empenharem para contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural.
Ao continuar a argumentação, Bento XVI citou o aborto e a eutanásia. “Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até a morte natural”, disse.
Desta forma, mais uma vez, fica evidente que, concordando ou não com sua postura, a posição de dom Luiz Gonzaga Bergonzini é legítima e deve ser respeitada. Àqueles que se dizem cristãos, mas mudam de opinião conforme as conveniências partidárias de momento, não resta outra saída que não seja ir reclamar com o papa.