Estadão

Taxas de juros ficam de lado refletindo cautela antes do desfecho da eleição

Os juros futuros terminaram a última sessão antes do segundo turno da eleição com taxas de lado ante os ajustes de quinta-feira, mas avançaram na semana marcada pela elevação das tensões políticas. E foi justamente o compasso de espera pelo resultado do pleito presidencial no domingo que travou nesta sexta o mercado, com a disputa considerada em aberto e dado o risco de contestação de resultado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saia vencedor. Na semana, as taxas subiram em bloco, cerca de 13 pontos-base nas curtas e longas, configurando estabilidade na inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,965%, de 12,958% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,83% para 11,82%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou na mínima de 11,65%, de 11,66%.

As taxas começaram o dia em alta, ainda sob um rescaldo da frustração com a cara aberta de Lula divulgada na quinta no fim da tarde, que pegou o mercado de juros já na sessão estendida. No meio da manhã a pressão se dissipou e, a partir de então, as taxas passaram a oscilar ao redor dos ajustes, com os investidores evitando posições mais direcionais antes do desfecho eleitoral.

"Lula tem um certo favoritismo, mas dada a grande diferença que as pesquisas no primeiro turno mostraram com relação ao resultado efetivo, há dúvidas quanto ao desfecho. A eleição tende a ser a mais apertada desde a redemocratização", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, lembrando ainda do papel importante que o debate na TV Globo pode ter nas urnas.

Na semana do Copom, quem deu as cartas foi o cenário eleitoral. Começou com o impacto negativo do ataque do ex-deputado Roberto Jefferson a policiais federais no domingo sobre a campanha de Bolsonaro, e vieram as pesquisas mostrando que Lula voltou a abrir certa vantagem, após cenários de empate técnico na semana anterior. Culminou com o imbróglio das inserções de propaganda eleitoral que inflamou a massa bolsonarista contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, por sua vez, acabou rejeitando dar seguimento à ação em que a campanha de Bolsonaro acusava rádios de privilegiar Lula.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, acabou abandonando a estratégia de questionar a veiculação. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, sugeriu que, para haver reparação ao pai, as eleições teriam de ser postergadas, mas a ideia conta com forte oposição do Centrão, que teme ser associados à defesa de um golpe e do incentivo a uma tática para ganhar no "tapetão".

De todo modo, o mercado mantém um pé atrás com o risco de Bolsonaro, se perder, não aceitar o resultado e questionar judicialmente.

A postura defensiva por causa da eleição acabou deixando o cenário externo nesta sexta em segundo plano para o mercado de juros. Lá fora, as taxas dos Treasuries subiram, com os yields das T-Notes de 2 e de 10 anos voltando a rodar acima de 4,40% e de 4% respectivamente. Já o petróleo cedeu, pressionado pela alta do dólar e temor sobre a economia da China, após a retomada dos lockdowns em meio a novos surtos de covid-19.

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