Taxas de juros sobem fortemente com revés fiscal e derrota política do governo

Os juros futuros abriram em alta fortíssima em reação à derrota política do governo Bolsonaro no Senado – especificamente da proposta do ministro Paulo Guedes de impedir aumento salarial a servidores até 2021. O revés acontece em um momento crítico e de decisão sobre o encaminhamento das contas públicas e de assunção do mercado de melhora da cena política, com aumento da base aliada do governo no Congresso.

Contratos longos e intermediários abriram esta quinta-feira com um avanço de 30 pontos-base ou mais. O DI para janeiro de 2025, por exemplo, abriu com alta de 37 pontos-base, a 6,20%, ante os 5,83% no ajuste de ontem. Já o DI para janeiro de 2029 abriu com diferença de 20 pontos-base, a 7,61% ante 7,41% no ajuste de quarta-feira, mas bateu máxima a 7,73% e entrou em leilão de alguns minutos.

Quando o dólar arrefeceu das máximas intraday ante o real, minutos depois da abertura igualmente nervosa no câmbio, a alta da taxas também cedeu um pouco, sendo que alguns contratos marcaram mínimas. Às 9h13, o DI jan/25 exibia 6,05%. O DI jan/27 estava na mínima de 7,08% ante 7,18% na abertura e 6,85% no ajuste de ontem. DI para janeiro de 2022 abriu a 2,91% ante 2,78% no ajuste de ontem e, no horário citado, estava em 2,83%.

Nesta quarta-feira, os senadores derrubaram veto presidencial a aumento de salário de militares, professores, profissionais da segurança pública, entre outras categorias, como acertado em maio na lei de socorro bilionário para Estados e municípios. A decisão custará em torno de R$ 130 bilhões, segundo o Ministério da Economia, e precisa ser avaliada pela Câmara. A votação dos deputados está prevista para hoje às 15h.

A permissão de aumentar salários acontece um dia depois de o mercado elevar a aposta na agenda liberal do governo Bolsonaro e de justificar a renovação do voto de confiança em elementos como aumento da base aliada no Congresso.

Do exterior, a influência é negativa para ativos locais. As bolsas na Europa estão em queda, assim como os índices acionários futuros de Nova York, contagiados pelo pessimismo sobre a retomada econômica americana do Banco Central dos Estados Unidos. "A ata trouxe cautela aos agentes de mercado ao revelar uma autoridade monetária com dúvidas sobre a sustentação da retomada econômica", diz a Tendências.

Na Europa, continua grande a preocupação com uma segunda onda de da pandemia e com o reflexo global do conflito comercial EUA x China. Em ata divulgada há pouco, o Banco Central Europeu alertou que "recentes desdobramentos positivos dos mercados não são apoiados plenamente por dados".

Da agenda local, o destaque é a arrecadação de julho (14h30), que deve ser de R$ 116,4 bilhões segundo mediana calculada pelo Projeções Broadcast. Mais cedo, a FGV divulgou que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) apurado na prévia da sondagem de agosto teve um avanço de 8,4 pontos em relação ao resultado fechado de julho, para 98,2 pontos.

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