Os juros futuros se ajustam em baixa ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que destaca o cenário de desinflação e menciona a possibilidade de redução do ritmo de corte da taxa Selic na reunião de julho. A queda do dólar ante o real, na esteira do fraco desempenho da moeda no exterior, também traz pressão às taxas futuras. No mercado, os investidores ainda estão digerindo o documento do BC, e há opiniões divergentes.
Para alguns operadores de juros e câmbio, o RTI indica a possibilidade de corte de 0,75 ponto porcentual da Selic na reunião de julho, em vez de 1 ponto, como ocorreu nas reuniões de abril e maio do Copom. “O BC deixa claro no documento que o comportamento da inflação está estável e o Copom viu redução no ritmo de flexibilização adequada para a próxima reunião”, disse o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer.
Já para a economista-chefe da ARX, Solange Sour, o RTI deixa a porta aberta quanto ao ritmo de queda dos juros e, em sua visão, há mais chance de a Selic cair a 9,25% em julho do que de haver um recuo de 0,75 pp. A taxa Selic está em 10,25% ao ano.
Às 9h30 desta quinta-feira, 22, o DI para janeiro de 2018 marcava 8,970%, na mínima, de 9,015% no ajuste de quarta-feira. O DI para janeiro de 2019 caía a 8,96%, de 9,02% no ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2021 recuava a 10,10%, de 10,14% no ajuste de quarta. O dólar à vista recuava 0,10%, aos R$ 3,3280, enquanto o dólar futuro para julho caía 0,24%, aos R$ 3,3355.
No RTI, o BC diz que o ritmo de corte de juros continuará dependendo de evolução da atividade e do balanço de riscos. Para a autoridade monetária, o impacto negativo de incerteza na atividade é desinflacionário. No documento, o BC reduziu as projeções para a inflação deste e do próximo ano no cenário de mercado, que prevê IPCA de 3,8% em 2017 e de 4,5% em 2018.
Para o Produto Interno Bruto (PIB), a projeção é de crescimento de 0,5% em 2017. O relatório indica que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento na economia – deverá ter recuo ainda mais intenso, de -0,6%. No RTI de março, a expectativa era de -0,3%.