O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), baixou o tom contra o presidente Michel Temer, mas voltou a defender que os senadores devem fazer modificações na reforma trabalhista. Qualquer alteração de mérito na proposta defendida pelo governo fará com que o texto volte para a Câmara dos Deputados, o que pode atrasar a tramitação do projeto em até um ano.
Para Renan, ao admitir editar uma Medida Provisória para contemplar pedidos de alterações de senadores, Temer “reconhece que existem excessos” na proposta aprovada pela Câmara. “O papel do Senado é tentar melhorar o texto na matéria”, avaliou o líder do PMDB.
Ele considera ainda que editar a MP antes do fim da tramitação no Senado seria negar o bicameralismo e que a Câmara “não é a senhora do tempo do Senado”. Renan disse que defende a sua posição de mudanças na proposta no Senado, mesmo que isso signifique um atraso na tramitação. “Não acho que correr para entregar uma reforma ruim seja um encaminhamento inteligente”, declarou Renan.
O Palácio do Planalto tem articulado para acelerar a tramitação do texto para que ele seja aprovado sem modificações no Congresso até meados de junho. “Acho que precisamos discutir mais, retirar o que é excessivo e incluir aqui que a reforma não contempla. Tem que ter transição, tem que fazer discussão de mérito, mesmo que o texto volte para a Câmara”, disse Renan.
Apesar das críticas, o líder do PMDB ponderou que a MP é uma instância “nobre”, que não pode ser desvalorizada, e agradeceu a iniciativa do presidente da República. “Tem que elogiar o presidente, mas tem que colocar mudanças no texto da reforma”, voltou a defender o peemedebista.
Ele disse ainda que acha que Temer tem o “melhor propósito” com a oferta de editar a MP, porém lembrou que o presidente prometeu editar uma outra Medida sobre a proposta que regulariza a terceirização irrestrita para todas as atividades, o que não fez até hoje. O alagoano disse que deve se reunir com Temer até o final de semana para levar pedidos de modificações das centrais sindicais. Ele já considera que pode haver o fim da contribuição sindical obrigatória, desde que com um período de transição.
Renan também afirmou que não considera que a bancada deve fechar questão sobre o assunto, por avaliar que isto seria um “equívoco”, considerando o teor da reforma trabalhista.