O novo governador de São Paulo, Márcio França (PSB), assumiu o posto na tarde de sexta-feira, justamente no momento em que expirava o prazo para o ex-presidente Lula (PT) se entregar à Polícia Federal. Com o atraso no cumprimento da ordem de prisão por mais de 24 horas, havia o risco de França ter que colocar a Tropa de Choque da Polícia Militar em São Bernardo do Campo, no sábado, para garantir a ordem, diante da militância que não queria deixar Lula ser preso.
Momento crítico
A situação em São Bernardo foi bastante tensa durante todo o sábado, mas ficou ainda mais grave quando um grupo de manifestantes impediu a saída do ex-presidente da sede do Sindicato. Uma ação da Tropa de Choque, diante de uma militância formada por sindicalistas e líderes de movimentos de sem-terra, poderia gerar confronto, o que macularia a imagem do novo governador em sua estreia no Palácio dos Bandeirantes. No final, Lula se entregou e a PM foi economizada, agindo somente diante de alguns distúrbios em frente ao prédio da PF na Lapa e do Aeroporto de Congonhas.
Levantou a taça
No domingo, França gravou uma live em sua nova sala, a mesma ocupada por Geraldo Alckmin até sexta-feira. Demonstrou estar feliz pela posição e ainda mostrou um quadro na parede com uma pintura da cidade de São Vicente, onde foi prefeito, numa alusão ao que seria um bom presságio dele nesta nova posição. Em seguida, seguiu para o estádio do Palmeiras, onde fez sua primeira aparição pública. No centro do gramado, entregou a taça de campeão paulista a Cássio, o herói do Corinthians na conquista do título, e – de quebra – o ajudou a levantar o troféu.
Cadáveres cibernéticos
No festival de incoerências que cercaram a prisão do condenado ex-presidente Lula, não faltaram petistas de Guarulhos na tentativa de evitar o mandato expedido por Sérgio Moro. Tirando meia dúzia que esteve de corpo presente em solidariedade a Lula, como o deputado estadual Alencar Santana, que chegou a discursar no carro de som na sexta-feira, muitos petistas de carteirinha não desgrudaram das redes sociais. Em vez de engrossar o coro de corpo e alma, ficaram do outro lado do computador atacando os opositores ao PT e compartilhando vídeos como se estivessem lá.
Mesma cartilha
Já os vereadores Marcelo Seminaldo e Genilda Bernardes, ambos do PT, que se estranharam semana passada, por conta da CEI que apura recebimento de dinheiro de um empresário por parte do vice-prefeito Alexandre Zeitune (Rede), presidida pelo primeiro, também estiveram em São Bernardo do Campo. E com direito a foto dos dois abraçados, postada nas redes sociais, tudo em nome da defesa de Lula, numa demonstração que eles seguem a mesma cartilha (quando é conveniente).