A rebelião dos presos da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II) terminou no final da manhã desta quarta-feira, 7, cerca de 24 horas depois do motim. Ao todo 12 reféns ficaram feridos, um deles em estado grave. Várias alas foram incendiadas, incluindo o departamento administrativo da unidade.
O motim teve início na terça-feira, 6, quando presos tentaram render agentes penitenciários que faziam a transferência de um detento na Galeria 21, onde estão membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Os servidores públicos conseguiram escapar ilesos, mas o presídio foi rapidamente tomado pelos detentos.
Os reféns, a maioria condenada por estupro e que ocupava uma ala de isolamento, foram amarrados e torturados com choques e golpes de estoques. Um deles, o ex-policial Pedro Serapião, preso por tráfico de drogas, chegou a ser amarrado pelos pés e ficou suspenso de ponta cabeça. Três reféns foram jogados do telhado, um deles sofreu traumatismo craniano.
Um grande efetivo da Polícia Militar cercou a PEL II, Para evitar uma fuga em massa, tiros de bala de borracha e bombas de efeito moral foram disparados ao longo do dia. Durante a madrugada, maior momento de tensão, os presos cavaram um túnel e tentaram fugir. O 5º Batalhão da PM confirma que dois condenados tiveram êxito e são procurados.
Os presos exigiram a presença do coordenador do Departamento de Execuções Penais do Estado (Depen), Luiz Cartaxo, para continuar a negociação. Cartaxo viajou de Curitiba para Londrina, acompanhado por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Fim
Nesta quarta-feira, 7, os amotinados apresentaram uma lista de reivindicações exigindo a transferência imediata de líderes do movimento para outros presídios estaduais, troca do comando da PEL II, comida fornecida de melhor qualidade, mudanças nas estruturas internadas da unidade e mais dias de visitas. O Depen ainda não se pronunciou sobre quais pontos foram atendidos.
No final da manhã, ambulâncias do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma (Siate) atenderam os feridos e policiais, acompanhados por advogados e de representantes do Centro de Direitos Humanos (CDH) e da Pastoral Carcerária, entraram na unidade para iniciar a revista nos presos e colocar fim na rebelião.
Interdição
Membros do Depen devem fazer avaliação das condições do prédio. A informação inicial é que o presídio será interditado para recuperação das estruturas.
A PEL II é o maior presídio do interior do Paraná, tem capacidade para 960 presos, mas abrigava 1.150. Este era o único presídio que ainda não havia sido alvo de rebeliões – no ano passado, foram registradas 24 em todo o Paraná. Em Cascavel, na região oeste, a rebelião terminou com cinco pessoas mortas (sendo duas decapitadas) e sete servidores feridos.