A oferta apresentada pela Terra Peregrin, veículo de investimento controlado por Isabel dos Santos, a mulher mais rica da África, pelo controle da holding Portugal Telecom (PT) SGPS é vista com bons olhos em Portugal, segundo o Diário Económico. A empresária investe no país europeu há anos e tem participações geridas de forma profissional. Mas a lógica por trás do movimento é “a oportunidade única para entrar no Brasil”, diz o jornal português. A holding PT detém uma fatia de 25% na brasileira Oi, além de ser dona de opção de compra de ações da Oi e da dívida de 897 milhões de euros da Rioforte.
No processo de fusão entre Oi e PT, a holding ficou com a participação acionária na tele brasileira, assim como com os títulos podres da Rioforte, após calote em julho. Já a PT Portugal, companhia operacional, foi incorporada pela Oi e reúne os ativos portugueses. Na semana passada, a Oi confirmou uma proposta firme da Altice para a compra de ativos da PT Portugal por 7,025 bilhões de euros, excluindo caixa e dívida. Ou seja, as ofertas são para empresas diferentes. Enquanto Isabel quer a holding, a Altice se interessou pela empresa operacional.
De acordo com o Económico, Isabel quer comprar o “bilhete de entrada no jogo brasileiro”. Fonte ouvida pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, diz que a intenção de Isabel pode ser ainda embaralhar o jogo para ganhar tempo para fazer uma oferta pela companhia operacional, a PT Portugal.
Isabel, que é filha do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, tem participação acionária em outra operadora portuguesa, a NOS, além do Banco Português de Investimento (BIP). “Não há notícia, em nenhuma das empresas, de problemas com a acionista. Pelo contrário, porque não só investe, como abre mercado às empresas onde tem capital”, diz o jornal.
As notícias de que a Oi, após o processo de fusão, quer vender os ativos portugueses chegou a fazer com a opinião pública no país europeu se movimentasse com a intenção de pedir o “resgate” da operadora. Segundo o jornal português, Isabel garante que quer manter a PT Portugal na Oi. “É possível, mas, neste momento, secundário face aos objetivos da empresária angolana. O sucesso da operação vai passar sobretudo pelo preço e o que ofereceu não é convidativo”, diz o Diário Económico. A oferta da Terra Peregrin pela holding PT é avaliada em 1,21 bilhão de euros.
O jornal diz ainda que a Oi não quer que a empresária trave o processo de fusão com a PT que está quase concluído. A oferta vem embaralhar o futuro da companhia portuguesa, que não ficará decidido tão cedo.