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Thiago Braz se poupa após ouro olímpico por recorde mundial no salto com vara

Quem assistir ao Troféu Brasil de Atletismo neste domingo, em São Bernardo do Campo (SP), não verá Thiago Braz repetir o voo de 6,03 metros que lhe deu o ouro olímpico no salto com vara nos Jogos do Rio-2016. O foco agora é ter resultados medianos – até 30 centímetros a menos – e reencontrar o rumo para dar sequência a um planejamento a longo prazo, idealizado pelo técnico ucraniano Vitaly Petrov.

“Nosso objetivo para esse ano é saltar, no máximo, 5,90 metros. Para o próximo ano, vamos buscar melhorar e manter a altura dos 6 metros. Vitaly entende como é esse período depois da Olimpíada, só não quer deixar a queda de resultado se prolongar por muito tempo”, disse Thiago Braz ao Estado.

Na temporada em pista aberta, a melhor marca de Thiago Braz foi 5,60 metros, que o coloca apenas em 23.º lugar no ranking. Em sua volta ao Brasil, no último sábado, ficou com a medalha de prata no GP Brasil de Atletismo, também em São Bernardo do Campo, depois de passar o sarrafo a 5,40 metros. Na etapa de Eugene da Diamond League, nos Estados Unidos, não encaixou um salto sequer.

Thiago Braz vê a oscilação com naturalidade após a conquista da medalha olímpica. “A gente gasta quatro anos se preparando para a competição mais importante da nossa vida, já escutei de outros atletas olímpicos que é normal (o rendimento cair). Estou passando por esse período ainda. Estou tentando entender. Quero buscar a solução o mais rápido possível”, afirmou o atleta.

Enquanto Thiago Braz luta contra o relaxamento e trabalha o aspecto psicológico para não se abalar por isso, o francês Renaud Lavillenie e o norte-americano Sam Kendricks (medalhistas de prata e bronze nos Jogos do Rio, respectivamente) mostram regularidade. Para o brasileiro, a bagagem dos adversários tem feito diferença.

“A vida deles já tinha resultado por trás, eu sou só campeão olímpico, não sou campeão mundial adulto. Eles já têm a vida toda organizada, eu não. Foi um rebuliço. É um momento de as pessoas começarem a entender como funciona para o atleta. Está mudando muito a minha vida e estou tendo de organizar tudo isso”, justificou.

RECORDE MUNDIAL – No que depender de Vitaly Petrov, a vida de Thiago Braz mudará ainda muito mais no ciclo olímpico até os Jogos de Tóquio, em 2020. O próximo objetivo do treinador é ver seu pupilo quebrar o recorde mundial do salto com vara, que hoje é de 6,16 metros e pertence a Renaud Lavillenie. O campeão olímpico aceita o desafio, mas reconhece que tal meta exige um grande sacrifício.

“Sei o que sofri para saltar 6 metros, já fico aflito com a ideia de que vou ter de me esforçar de novo e dói. Não é fácil. Mas quero muito saltar além dos seis metros, vou me preparar para isso e vou passar”, projetou o brasileiro.

Para fazer o seu atleta voar mais alto, o treinador precisa dosar três elementos: corpo elástico, força e velocidade. Será a equação correta que vai colocar Thiago Braz no topo novamente. “Agora estou ganhando um corpo elástico, depois ele começa a cuidar dos meus músculos para ganhar um pouco mais de força e, em seguida, ele coloca velocidade para fazer a ativação de tudo isso”, explicou.

Além disso, será preciso adaptar o equipamento nas próximas temporadas para que suporte mais força. “Pode ser que a gente precise de outra vara ou duas, no máximo”.

Esse processo de reformulação nos treinos também tem afetado os últimos resultados do campeão olímpico. O superintendente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Antonio Carlos Gomes, acredita que abrir mão do pódio em busca de um recorde é positivo para o atletismo nacional. “Se começa a treinar para a próxima competição, ocorre sucateamento e não tem um projeto para medalha lá na frente”, comentou.

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