A poucas horas do último debate do segundo turno para o governo de São Paulo, os candidatos Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) utilizarão o espaço para esclarecer polêmicas que envolveram suas campanhas e defender seus nomes. Ao <i>Broadcast Político</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, as equipes dos candidatos destacaram a relação de ataque/defesa envolvendo o tiroteio em Paraisópolis, no último dia 17, que paralisou a campanha de Tarcísio.
De acordo com membros da campanha de Haddad, o tema, que já foi abordado na propaganda eleitoral de TV, será trazido à tona do debate desta noite. Na ocasião, será adotada a narrativa de que houve destruição de provas por parte do adversário e fraude processual.
"Essa é uma história mal contada. Quando você apaga o vídeo do crime, você destruiu provas. No caso, por policiais que deveriam preservar a cena do crime", disse uma fonte ligada à campanha de Haddad. Instigado se o tema foi testado em pesquisas qualitativas e se causa preocupação nos eleitores, a fonte afirmou que "as pessoas estão querendo saber, estão curiosas". "Ficou com cara de atentado fake e as pessoas se indignam com isso", reforçou.
Nesta semana, a <i>Folha de S.Paulo</i> publicou um áudio que mostra que um integrante da campanha do Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio de Paraisópolis, no dia 17, que flagraram membros da equipe. Já na noite de quarta-feira (26), o jornal revelou que, logo após a publicação da matéria, a equipe de Tarcísio teria pedido o desligamento do funcionário e que a emissora teria sugerido que ele gravasse um vídeo para o candidato.
Haddad também deve associar a defesa de Tarcísio sobre o fim das câmeras corporais dos policiais ao ocorrido em Paraisópolis. "Pode seguir a linha de que Tarcísio não gosta de imagens, quer esconder as coisas", disse a fonte da campanha petista.
O candidato do Republicanos, em entrevista recente, reiterou que as câmeras inibem a ação do policial, mas argumentou que, se eleito, vai chamar especialistas para avaliar a política do ponto de vista técnico. Antes, ele era mais contundente sobre o tema e dizia que iria acabar com o uso do equipamento em São Paulo, se eleito.
Por outro lado, a campanha de Tarcísio, líder na disputa do segundo turno, avalia que o debate desta noite representará uma oportunidade para esclarecer as acusações envolvendo o tiroteio. De acordo com a equipe, o candidato está sendo "muito atacado" por Haddad, mas nega que entrará no mesmo tom. "Não é a linha dele", diz.
"Está se criando uma narrativa fantasiosa em uma situação em que fomos vítimas. É bom poder esclarecer isso", declarou a campanha do ex-ministro. No entanto, mesmo com as acusações de interferência na investigação do tiroteio, a equipe ressaltou que Tarcísio deve manter a mesma "linha propositiva" que teve nos últimos debates.
Pesquisa Ipec divulgada na terça-feira (25) mostra Tarcísio com 46% dos votos totais contra 43% de Haddad no segundo turno. O resultado aponta que os candidatos estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro do levantamento, de dois pontos percentuais, na reta final da corrida eleitoral.
No primeiro turno, Tarcísio obteve 9,9 milhões de votos, ou 49,45% do contabilizado pela Justiça Eleitoral. Haddad recebeu 8,3 milhões de votos, ou 35,7% do total. O debate será transmitido pela Globo a partir das 22h.