A repatriação de Robinho, condenado por estupro em primeira instância, não teve a mesma repercussão entre os torcedores organizados do Santos neste momento, como teve em 2016, ano em que o atacante voltou ao futebol brasileiro. Naquela oportunidade, o jogador optou por defender o Atlético-MG.
Um dia após o anúncio da negociação, duas de suas imagens que ilustravam os muros do CT Rei Pelé foram alvo de vandalismo. O atacante foi chamado de "mercenário" porque o Santos não conseguiu chegar a um acordo salarial com Robinho, que foi ganhar mais na equipe mineira.
Hoje, apesar da condenação por estupro ser considerada mais grave que uma mera preferência profissional, as principais organizadas do clube ainda não se posicionaram. A Torcida Jovem, maior e mais conhecida nas arquibancadas da Vila Belmiro, não se pronunciou, assim como a Sangue Jovem e a Camisa 10.
Outras torcidas, como o Movimento Bancada das Sereias e a Santos Antifascista, se manifestaram. Em nota, publicada nas redes sociais, ambos colocaram a condenação do jogador em um grau maior do que sua idolatria.
"O dia de ontem (sábado) não foi marcado somente pela volta de um jogador que um dia foi craque do time. Foi marcado pelo retorno de um jogador que foi condenado em primeira instância pela justiça de Milão na Itália por estupro, sabemos e temos consciência de que o processo não finalizou e ainda cabe recurso", escreveu o movimento de torcedoras do Santos, que ainda acrescentou: "Dói, dói na alma. Ontem (sábado) o Santos regrediu em uma luta de anos e só nós sabemos o quanto perdemos."
Em entrevista ao Estadão, Kelly de Mattos, uma das administradoras do Bancada das Sereias, afirmou que a ausência de um consenso em relação a contratação de Robinho não impediu o movimento de tomar um posicionamento.
"A reação em si foi bem dividida entre as meninas. Houve quem apoiasse e quem não. Nós administradoras já temíamos isso. Até mesmo quando a contratação não se passava de uma especulação. Achamos que havia necessidade e prioridade de nos posicionarmos sobre o assunto, até porque isso envolve uma luta que é nossa", explicou Kelly.
"Sua condenação por estupro na Itália é um fato real. Não é especulação. A sentença veio acompanhada de provas materiais. Não vamos passar pano pra quem ramelou pesado. Esse tipo de milho na quebrada é sem massagem e vocês tão ligados, né?! Temos que saber bem o tipo de mensagem que estamos passando pras massas com essa contratação. É lamentável! Sabemos o quanto é difícil pra qualquer torcida separar o ídolo jogador do ser humano. Mas o certo é o certo", disse o Santos Antifascista.
Se por um lado torcidas ligadas ao clube não se manifestaram, houve quem repudiasse a contratação na arquibancada de um time rival. O Movimento Toda Poderosa Corintiana, formado por torcedoras do Corinthians recordou, em seu perfil no Instagram, que a cada dois minutos uma mulher sofre violência doméstica no Brasil.
"É revoltante que um clube dessa grandeza protagonize um papel tão sórdido e vergonhoso, como se as vidas das mulheres não tivessem a menor importância. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgou em 2019, que 1.206 mulheres foram assassinadas só por serem mulheres. Ou seja, FEMINICÍDIO!", escreveram as torcedoras.
As redes sociais, de modo geral, repudiaram a volta do jogador. O assunto foi um dos mais comentados do Twitter Brasil, tanto pela peculiaridade de seu contrato – especulava-se que ele receberia R$ 10 por mês – quanto pelo repúdio em decorrência de sua condenação.