O futuro dos veículos autônomos pode chegar primeiro ao Brasil pelo agronegócio. A Case IH, fabricante de máquinas agrícolas do grupo Fiat Chrysler (FCA) apresentou ontem, na fábrica de Sorocaba (SP), um trator que dispensa o motorista e pode ser controlado à distância por um tablet.
O vice-presidente da Case América Latina, Mirco Romagnoli, acredita que o veículo poderá estar à venda num prazo de cinco anos, dependendo das regulamentações que cada país terá para os veículos autônomos – e, no caso do Brasil, também da infraestrutura necessária, como amplo acesso à tecnologia 3G.
“Devido a importância do Brasil no mercado agrícola, o produto poderá chegar ao País quase ao mesmo tempo que em outros países”, diz Romagnoli.
Prever o preço do trator, diz ele, seria especulação. A empresa cita como exemplo o preço da tecnologia dos sensores – que terão grande peso no custo do veículo. Em 2004, um sensor custava US$ 100 mil e, em 2015, (dado disponível) custava cerca de US$ 10 mil. “A escala maior de produção é que reduz o custo de um produto”, afirma o diretor de marketing da Case, Christian Gonzalez.
Levando em conta essa tese e a dispensa da cabine – item de alto custo no trator convencional -, Romagnoli avalia que o preço não seria muito acima de um veículo atual de primeira linha, que já opera com elevada automação. “O cliente leva em conta se o custo do maquinário se paga em até três anos para determinar a compra.”
Testes
O trator autônomo, ainda um conceito, foi desenvolvido nos últimos quatro anos. Já foi usado em testes nos Estados Unidos no plantio de soja e milho em mais de mil hectares. Técnicos brasileiros subsidiaram o projeto para capacitá-lo, por exemplo, no cultivo da cana. Ao longo deste ano, outros dois tratores iniciarão testes nos EUA.
Ele foi desenvolvido na mesma plataforma do trator convencional Magnum 380, fabricado também em Curitiba (PR). O modelo vende cerca de 500 unidades por ano a preços que vão de R$ 650 mil a R$ 1 milhão. O protótipo recebeu o mesmo nome e é movido a diesel.
A Case não tem ainda dados de ganho de eficiência do autônomo em relação ao convencional pois, nos testes, o trabalho não foi contínuo já que foram necessárias diversas paradas para adaptações. Um ponto favorável citado por Gonzalez é que o trator autônomo pode operar 24 horas ininterruptas.
Após os EUA, onde foi apresentado em novembro, o Magnum foi exposto no mês passado na França e está no Brasil para ser mostrado na Agrishow, que começa segunda-feira. Depois seguirá para a Argentina e, na sequência, retorna aos EUA. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.