O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu em fevereiro que sabia quão mortal e contagioso era o novo coronavírus, mas minimizou a crise porque não queria criar pânico, indicam gravações de entrevistas feitas para um livro.
"Sempre quis minimizar isso", disse Trump ao jornalista veterano Bob Woodward em 19 de março, de acordo a prévia da CNN. "Ainda gosto de minimizar, porque não quero criar pânico", admitiu.
Obtidas pela CNN, as gravações foram feitas durante a apuração do livro Rage, que será lançado no dia 15 de setembro. As declarações vêm à tona semanas antes da eleição presidencial de 3 de novembro, em um momento em que os esforços de Trump para combater a covid-19 têm sido intensamente criticados.
Em outras entrevistas com Woodward, o presidente americano deixou claro que entendia que o vírus era "mortal" e muito mais perigoso do que a gripe comum. Mesmo assim, Trump tem repetidamente dito em público que o vírus não deve ser considerado um grande perigo e que "irá embora" por conta própria. Os Estados Unidos devem ultrapassar a marca de 200 mil mortes por covid-19 em breve.
A assessora de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse a repórteres que a única motivação de Trump para minimizar os perigos era tranquilizar o público.
"É importante expressar confiança, é importante expressar calma", disse. "O presidente nunca mentiu para o público americano sobre a covid-19."
Woodward conduziu 18 entrevistas com Trump para o livro.