Líderes dos países da União Europeia chegaram nesta quinta, 1º, a um acordo para liberar 50 bilhões de euros (cerca de R$ 270 bilhões) para a Ucrânia, que estavam bloqueados pela Hungria desde dezembro. O pacote representa um alívio financeiro para manter o esforço de guerra ucraniano contra a Rússia.
“Isto garante um financiamento firme e de longo prazo para a Ucrânia. A UE está assumindo a liderança e a responsabilidade no apoio, porque sabemos o que está em jogo”, disse presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O Parlamento Europeu ainda precisa aprovar o fundo por maioria simples, o que deve ser feito sem sustos em votação ainda este mês. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, era quem impedia a unanimidade necessária para aprovar o pacote, proposto em dezembro, uma atitude que irritou vários governo europeus.
<b>Isolamento</b>
O veto rendeu acusações de que Orbán estaria usando o bloqueio para obter, em troca, a liberação de fundos que já deveriam ter sido enviados à Hungria, mas que a UE bloqueou em razão de violações das regras e de valores democráticos do bloco por parte do governo húngaro. Aparentemente, Orbán não recebeu nada material em troca para abrir mão do veto.
O que funcionou, segundo o New York Times, foi um jogo de pressão sobre Orbán. Alguns líderes ameaçaram suspender a Hungria. Outros contrabalançaram as ameaças oferecendo um ouvido amigo para escutar suas queixas de que os burocratas europeus não gostam dele por motivos ideológicos.
O avanço foi importante para a Ucrânia e para a UE. A ajuda manterá a economia ucraniana pelos próximos quatro anos, mesmo com o socorro prometido pelos EUA travado no Congresso. Além disso, a aprovação demonstra a determinação europeia em apoiar a resistência contra a Rússia.
Para chegar ao consenso, os líderes mais importantes da UE assumiram papéis variados, segundo o New York Times. Charles Michel fez o papel de bicho-papão, ameaçando tirar o poder de voto da Hungria – uma medida inédita que consta no livro de regras do bloco.
Na quarta-feira, entrou em cena a premiê da Itália, Giorgia Meloni, alinhada ideologicamente com Orbán. Em reunião na suíte executiva do Hotel Amigo, no coração de Bruxelas, ela lhe disse que a Hungria teria mais a ganhar se cooperasse.
Depois de Meloni veio o presidente francês, Emmanuel Macron, que sugeriu que a UE poderia incluir na resolução da cúpula um aceno às reclamações de Orbán, de que o bloco retém fundos da Hungria por preconceito ideológico.
Ao mesmo tempo, o húngaro sabia que perto dali outros líderes estavam reunidos para criticá-lo: o premiê holandês, Mark Rutte, o chanceler alemão, Olaf Scholz, além de Michel. Eles estavam dispostos a segurar o dinheiro da Hungria – e fizeram a notícia chegar aos ouvidos de Orbán.
<b>Pressão</b>
No dia seguinte, o premiê húngaro capitulou, conseguindo apenas uma referência na conclusão da cúpula que pede que a UE aja de forma “proporcional” na hora de congelar fundos de países punidos por violações do bloco. Questionada se Orbán obteve alguma concessão em troca da retirada do veto, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, foi seca. “A resposta é não.” Ainda assim, Orbán tentou sair por cima da disputa antes de voltar a Budapeste: “Missão cumprida”, escreveu ele nas redes sociais.
Com a aprovação, a Ucrânia respirou aliviada. “É importante que a decisão tenha sido tomada por todos os 27 líderes, o que prova a unidade da UE”, disse o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski. “O apoio fortalece a estabilidade econômica, a ajuda militar e a pressão sobre a Rússia.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>