Ao mesmo tempo em que reforçava o elenco nos últimos meses para voltar a ser referência de bom futebol no Brasil, o Atlético Mineiro agiu fora dos gramados para alcançar algo inédito fora deles. O clube se tornou o primeiro do País a ser autossustentável, produzindo a energia que consome nas suas quatro estruturas, sendo ela toda limpa e renovável.
Isso é possível graças a um acordo com a Solatio Energia Livre. A empresa é patrocinadora do Atlético-MG desde 2017, mas em abril deste ano, em meio à pandemia do coronavírus, essa relação se ampliou. Através de um acordo comercial, agora são parceiros para geração de energia fotovoltaica.
A produção é utilizada para abastecer a Cidade do Galo, o centro de treinamentos do clube, a sede administrativa no bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, além dos seus clubes sociais, o Labareda e a Vila Olímpica. Para alimentar essas estruturas, a Solatio montou, na cidade de Verdelândia, no norte de Minas Gerais, a Usina do Galo, onde é gerada a energia fotovoltaica.
Popularmente conhecida como energia solar, ela é obtida a partida da conversão da luz em eletricidade, sendo 100% limpa e renovável. A usina possui área de 3 hectares, tendo em sua estrutura 2.700 módulos, capazes de gerar uma potência de 750 kWats, sendo que a sua produção média mensal é de 200 megawatts.
O acordo está inserido em um modelo de geração distribuída, que envolve a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A energia produzida na Usina do Galo é jogada na rede da distribuidora, que a contabiliza. A quantidade, então, é a abatida do consumo do Atlético-MG em Belo Horizonte, a cerca de 500 quilômetros de Verdelândia. E o saldo é positivo para o clube, já que o consumo médio, no somatório das suas quatro estruturas, é de 180 megawatts por mês.
"A gente produz a energia nessa planta e joga na rede da distribuidora, que é a Cemig. E o Atlético consome através de uma contabilização na conta de energia. Quando ele recebe a conta, tem um consumo positivo. Mas como ele é proprietário da usina, por um contrato de locação, ele tem um negativo pela geração da usina. A rigor, o Atlético é totalmente sustentável, através da fonte solar da usina no norte de Minas", afirma João Victor Santos, sócio da CMU e diretor da Solatio.
A escolha da cidade no norte de Minas Gerais tem sua razão. A região possui elevado índice solarimétrico, que mede o potencial de insolação em um espaço, algo fundamental para a produção de energia do projeto.
Além disso, a legislação permite que se produza a própria energia. E, nesse sentido, a de Minas Gerais é uma das mais avançadas, pois não há incidência do ICMS para o tipo de estrutura produtora de energia utilizada pelo Atlético-MG, algo que foi aproveitado pelo clube e pela Solatio para viabilizar a parceria.
"A operação de compensação tem alguns critérios tributários que impactam. E a legislação de Minas fala que para empreendimentos com até 5 megawatts de potência instalada você não paga o ICMS no consumo da energia", explica o diretor da Solatio, empresa que possui acordos parecidos em Minas Gerais com o Bradesco e a rede varejista Supermercados BH.
No caso do Atlético-MG, pelo acordo inicial, a empresa recebe, como contrapartida do clube, a exibição da sua marca dentro do número do uniforme da equipe. E a estimativa é que o time tenha uma economia de R$ 2 milhões nos 18 primeiros meses do contrato. Posteriormente a esse período, nos 20 anos seguintes, a equipe terá desconto de 10% em sua conta de energia.
"O Atlético passa por um processo de mudança de gestão, com consultoria, com SAP, e uma parte muito discutida é a questão da sustentabilidade. De cuidarmos para ter um planeta melhor para as futuras gerações. Mas também gerando economia para o clube, sendo algo sustentável", afirmou Leandro Figueiredo, diretor de negócios do Atlético-MG, destacando como o acordo traz benefícios financeiros ao clube, além da sua importância para a sustentabilidade.