Vacina, pacote nos EUA, Brexit e fiscal no Brasil limitam ganhos na Bolsa

O Ibovespa pode retomar os 114 mil pontos nesta quarta-feira, 9, em sintonia com o otimismo moderado do exterior, amparado nas perspectivas de vacinas contra a covid-19, avanço nas negociações por mais estímulos fiscais nos EUA e também em relação ao Brexit. Apesar da alta das bolsas europeias e da maioria dos índices futuros em Nova York, a falta de concretude em relação aos temas citados acima gera cautela. Embora a tensão fiscal tenha se esvaído, o investidor segue em alerta, no aguardo de alguma oficialização em relação ao tema.

Já o noticiário corporativo, principalmente do setor de saúde, e a valorização das commodities podem permitir um dia um pouco mais favorável ao Ibovespa, que ontem subiu 0,18%, aos 113.793,06 pontos, após máxima intraday aos 114.381,14 pontos.

Hoje, o minério de ferro superou US$ 150 a tonelada (US$ 150,16), em elevação de 1,22%, no porto chinês de Qindgao, no fechamento dos negócios. O petróleo também sobe, mas em menor magnitude, entre 0,26% (Nova York) e 0,31% (Londres). As ações da Vale ON subiam 0,37%, enquanto as da Petrobras, 0,41% (PN) e 0,59%), às 10h46.

O Ibovespa tinha alta de 0,07%, aos 113.872,64 pontos, após mínima aos 113.586,12 pontos e máxima aos 113.901,78 pontos

Até mesmo a tão esperada imunização, que começou ontem no Reino Unido, reforça esse tom cauteloso, após o país emitir alerta por precaução sobre a vacina da Pfizer contra a covid-19, depois do registro de dois casos de reação alérgica ao imunizante.

Enquanto isso, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediu a aprovação de mais restrições até meados de janeiro em todo o país, em meio ao espalhamento da pandemia. Nos Estados Unidos, ontem a presidente da Câmara dos Representantes do país, Nancy Pelosi, acusou o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, de atrapalhar as discussões por uma nova rodada de estímulos fiscais. Este, por sua vez, disse hoje que um acordo pelo novo pacote fiscal deve ocorrer e que os parlamentares têm "duas semanas importantes para resolver negociações".

Nesse cenário, o fôlego de alta é curto no exterior, o que também tende a refletir na B3. "Alguma novidade concreta?", questiona Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.

Também no quadro fiscal, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, vê pouco avanço após os ruídos desta semana. A despeito das palavras ditas hoje pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que "nenhuma forma" o governo irá "transgredir" o teto de gastos, Camila observa que, no geral, o tema tem sido mal conduzido. Isso, diz, dificulta uma clareza do que de fato será o Orçamento de 2021, que precisa ser aprovado este ano.

"É tanto balão de ensaio em que a credibilidade no País fica comprometida. Não se pode iludir que houve melhora interna. Isso tem sido sustentado pelo ambiente externo", afirma a economista.

No pré-mercado de Nova York, o Nasdaq cedia 0,09%, enquanto Dow Jones e S&P 500 subiam 0,30% e 0,14%, respectivamente. Na Europa, Londres tinha elevação de 0,45%. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que deve se reunir hoje com lideranças na Bélgica para discutir o acordo comercial do Brexit, disse há pouco que com o acordo o país assumirá o controle do próprio dinheiro, das suas fronteiras.

No corporativo, a Rede DOr, uma das maiores empresas de saúde do País e dona de uma rede com 51 hospitais próprios com as marcas Rede DOr e São Luiz, precificou sua oferta de ações (IPO) ontem, movimentando R$ 11,39 bilhões. O IPO da companhia é o terceiro maior registrado na B3 e praticamente encerra um ano em que o volume de ofertas ultrapassou os R$ 100 bilhões. O maior IPO da história da bolsa foi o do Santander.

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