O presidente da Vale, Murilo Ferreira, esclareceu nesta quinta-feira, 30, em teleconferência, que a companhia não está analisando qualquer postergação do cronograma do projeto de minério de ferro S11D, em Carajás. Segundo ele o ônus econômico de parar e retomar um projeto costuma ser “intolerável”, com um peso muito grande sobre a rentabilidade dos projetos.
“Temos outros instrumentos para trazer recursos para a implantação do projeto bem menos onerosos que uma postergação”, afirmou em teleconferência.
O executivo afirmou que o project finance para viabilizar o projeto logístico de Nacala, em Moçambique, está em negociação com instituições japonesas após o acordo com a Mitsui, no fim do ano passado. Segundo Murilo Ferreira, a maior probabilidade é que seja fechado no terceiro trimestre. O valor estimado é de US$ 2,7 bi, com mínimo de US$ 2 bilhões.
Câmbio
Ferreira disse que o Brasil viveu muito tempo com uma taxa de câmbio excessivamente forte, o que, para um país com déficit corrente, é “algo muito dramático”. “Com o câmbio mais competitivo as empresas reagem”, destacou.
O executivo disse que o impacto da desvalorização do real em relação ao dólar acaba chamando a atenção, mas que os efeitos para uma companhia exportadora como a Vale são positivos. “As companhias exportadoras contraem dívidas em dólar e em outras moedas e podem sofrer por conta do estoque da dívida pelo critério contábil, mas é apreciada no decorrer dos meses”, disse.
Petrobras
Eleito na quarta-feira, 29, como presidente do conselho de administração da Petrobras, Ferreira afirmou hoje que as possibilidades de conflito de interesses em votações por conta de negócios em comum é limitada. “Situações de possível conflito (de interesses) na Petrobras são muito limitadas”, afirmou.
A hipótese foi levantada por alguns acionistas e conselheiros durante a assembleia da petroleira, realizada ontem. Em teleconferência com jornalistas, o consultor geral da Vale, Clovis Torres, descartou qualquer problema nesse sentido. Segundo Torres, o conflito de interesses só ocorreria em caso de votação para alterações no contrato do projeto de potássio Carnalita, em Sergipe. “Nesse caso haveria abstenção de Murilo”, afirmou.
A pedido de Ferreira, o consultor teceu comentários sobre o potencial conflito pelo fato de a mineradora consumir combustíveis produzidos pela Petrobras. “A Vale, sem dúvida, é consumidora de diesel, mas se fôssemos pensar nisso, ninguém poderia assumir o cargo, já que em alguma medida todos consomem diesel ou gasolina. Teríamos que buscar um conselheiro fora do País”, brincou.