O comércio varejista deve movimentar um recorde de R$ 3,74 bilhões em vendas na campanha de promoções da Black Friday deste ano, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Se confirmado, o faturamento será 6% maior que o dessa temporada de liquidações de 2019, quando somou R$ 3,67 bilhões. Descontada a inflação do período, as vendas terão crescimento real de 1,8% em relação a igual período do ano passado.
"Será a primeira data do varejo a registrar crescimento este ano, pelo menos até agora. Desde a Páscoa até o Dia das Crianças, todas as datas comemorativas registraram queda nas vendas", lembrou o economista Fabio Bentes, responsável pelo cálculo da CNC.
O volume vendido pelo comércio eletrônico terá um salto de 61,4% na campanha de promoções da Black Friday deste ano, enquanto as lojas físicas venderão 1,1% a mais. No entanto, as vendas online motivadas pela data devem ficar em torno de R$ 400 milhões, enquanto os R$ 3,34 bilhões restantes serão arrecadados em lojas físicas.
"O peso da loja física ainda é muito maior que o do e-commerce. As vendas online cresceram muito nos últimos meses, mas a gente estima que a participação do comércio eletrônico no varejo esteja em torno de 8%", justificou Bentes.
O levantamento considera que a nova onda de contaminação e internações pela covid-19 no País não se traduza em fechamento de estabelecimentos comerciais até a Black Friday. Se as medidas de restrição à disseminação do novo coronavírus forem novamente impostas nas próximas semanas, a projeção da CNC para uma elevação de 2,2% nas vendas do Natal deste ano em relação ao de 2019 pode ser ameaçada.
"As medidas restritivas que estão sendo consideradas neste momento ainda não foram implementadas, e a Black Friday já é na semana que vem. Então acho que isso não atrapalhará tanto o varejo físico neste momento, porque elas ainda serão anunciadas. Se tiver piora na situação da pandemia, aí sim o Natal pode ser afetado por essas novas restrições", previu Fabio Bentes.
A Black Friday foi incorporada ao calendário do varejo nacional em 2010, mas já é a quinta data mais relevante para o setor, atrás do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais, aponta a CNC.
Em 2020, o segmento de eletroeletrônicos e utilidades domésticas deve movimentar R$ 1,022 bilhão, seguido pelos ramos de hipermercados e supermercados (R$ 916,9 milhões), móveis e eletrodomésticos (R$ 853,4 milhões), vestuário, calçados e acessórios (R$ 328,7 milhões) e perfumaria e cosméticos (R$ 247 milhões).
<b>Produtos com probabilidade de descontos efetivos</b>
A CNC fez um estudo de preços para identificar os produtos com maior probabilidade de descontos efetivos e outros que poderiam cair no fenômeno informalmente conhecido como "Black Fraude".
Segundo uma coleta diária de preços de mais de dois mil itens agrupados em 48 linhas de produtos ao longo dos últimos 40 dias encerrados em 15 de novembro, os produtos com mais chances de terem descontos atrativos são os consoles de videogame, que ficaram 19% mais baratos no período. Em seguida aparecem notebooks, 17% mais baratos no período anterior às promoções; games para PC (14% mais baratos); calça masculina (13% mais baratos); aspirador de pó e água (-11%), Smart TV Box (-10%); e tênis (-8%).
Na direção oposta, ficaram mais caros nas semanas que antecedem a Black Friday – e por isso menos propensos a descontos efetivos – os óculos de sol (10%), joystick (15%), camisas de clubes de futebol (17%), colchão (21%) e bicicleta (22%).
"A loja que vende uma bicicleta vai ter que dar um desconto de pelo menos 30% para chamar atenção. O desconto, para ser efetivo, teria que ser ao menos de 23%. E a gente pesquisa os cinco modelos de bicicletas mais vendidos em cinco lojas diferentes. A chance de todas darem o desconto é pequena. E a loja pode dar o desconto em apenas uma das bicicletas, nos outros modelos não. Por isso que a chance de um desconto efetivo de fato é maior num videogame, laptop, aspirador de pó", explicou Bentes.