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Verónica Decide Morrer faz show de lançamento de seu 1º disco em SP

O rock é uma importante e influente arma contra o preconceito e o discurso latente de ódio, que oprime as minorias no cotidiano da sociedade. Essa é justamente a bandeira que a banda cearense Verónica Decide Morrer levanta desde 2010, quando foi formada em Fortaleza. “O rock ficou careta e machista. É preciso renovar, ter atitude e mostrar força. Resistir sempre. Isso vale para todas as artes, não só para a música”, diz o guitarrista Leo BreedLove em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Com uma sonoridade que mistura elementos do new wave e do post-punk, o grupo faz show de lançamento de seu primeiro e único disco de estúdio, o homônimo Verónica Decide Morrer, nesta quinta-feira, 21, no Sesc Pompeia, na zona oeste de São Paulo.

Quem assume os vocais do conjunto são Jonaz Sampaio e a atriz e personagem transexual Verónica Valentino. Além de Leo BreedLove (guitarra), Eric Lennon (baixo) e Vladya Mendes (bateria) complementam o grupo, que busca inspiração nos anos 1980 para fazer um som original e impactante. “Em Fortaleza, nós temos uma ligação muito forte com a década de 1980. Depeche Mode, Duran Duran, David Bowie e Queen são bons exemplos disso. Quando decidimos montar uma banda, buscamos nossas referências nesse tipo de música. É rock, mas não um rock machão e pesado”, afirma ainda Leo.

Com muita poesia, as composições, em sua maioria, mesclam desejos, inquietações e protestos sobre diversidade sexual. O single Roxy Music e as faixas Bicha Invejosa e Testemunho de Trava, que fazem parte do primeiro trabalho, externam bem a pomposa sonoridade dos cearenses, que integram uma forte cena da região. A lista inclui Jonnata Doll & Os Garotos Solventes e o Cidadão Instigado, só para citar alguns mais recentes. “As pessoas que gostam de rock têm atitude. E, a nosso ver, é isso que está faltando nos dias atuais. O rock ficou parado, viemos para reformular isso e trazer uma nova proposta. Essa é a nossa mensagem e o que queremos passar para o público, sabe?”, conclui o guitarrista.
Começo. Embora a atitude de Jonaz Sampaio e Verónica Valentino à frente da banda seja bastante ousada e segura, a infância para as duas travestis que integram o grupo não foi nada fácil.

Ambas de famílias evangélicas, elas tiveram o primeiro contato com a música ainda na igreja frequentada pelos pais, tios e avós. “Minha sexualidade, o meu verdadeiro eu, era completamente reprimido. A Igreja pune. Daí, comecei a estudar teatro e me libertei daquela forma opressora de vida. Foi lá, inclusive, que tive contato com o universo trans. Fui convidado para fazer uma peça em que interpretava uma transexual que cantava em um cabaré. Comecei a cantar e estudar música. A gente não junta teatro e música. É que tudo, hoje em dia, é mais performático. Há entrega. Todos os integrantes participam ativamente da performance. Afinal, nós somos uma banda de rock”, afirma a vocalista Verónica Valentino.

Apesar de a banda ter o mesmo nome do best-seller de Paulo Coelho, Veronika Decide Morrer (1998) – porém, com a letra “k” -, o guitarrista Leo BreedLove garante que a ideia surgiu de maneira despretensiosa, em uma noite qualquer. “A gente estava atrás de um nome para banda. O Jonaz sugeriu esse. A Verónica já existia e integrava o grupo. O livro influenciou, claro. É uma obra famosa e que todos na banda leram. Tem ali a questão da construção da personagem principal da ficção, que tem relação direta com nossa música”, explica também.

A obra de Paulo Coelho conta a história de Veronika, uma jovem eslovena, que não aceita a ideia de viver uma vida sem sentido, decidindo se matar com uma overdose de calmantes. O suicídio, no entanto, fracassa e Veronika é internada em uma clínica psiquiátrica. Atendida pelo Dr. Igor, ela logo é informada que terá apenas mais algumas semanas de vida.

Durante o tempo que fica internada no local, ela conhece Eduard, um jovem esquizofrênico que não conversa com ninguém. Os dois acabam se apaixonando perdidamente e decidem fugir do hospital. “Não falamos única e exclusivamente da Verónica da banda, mas sobre tantas outras Veronicas ao redor do mundo. Nesta lógica, portanto, entra o peso de existir e o quanto podemos nos frustrar com a vida”, conclui Leo BreedLove. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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