Uma pequena notícia, publicada sem grande destaque pelo HOJE na última quarta-feira, foi uma das mais comentadas nos últimos tempos dentro do portal GuarulhosWeb. Tratava-se da morte de quatro suspeitos de terem cometido um roubo contra uma empresa na região da Cumbica, após suposto confronto com policiais militares. Por mais que as evidências revelem que eles tenham praticado o crime, por questões de preservação de direitos, passam a figurar como as vítimas. Como ninguém pode ser citado como um crimonoso antes do julgamento, em que seja dado todas as garantias de defesa, são apenas acusados.
Porém, essa não foi a questão central dos comentários. Vários internautas – que se identificaram como colegas, amigos e familiares dos quatro jovens mortos – postaram seus sentimentos pela perda precoce dos “garotos”. Lamentaram uma possível ação truculenta, sempre reconhecendo que o quarteto “até poderia estar praticando um crime” mas que não mereciam morrer daquela forma.
Não estou aqui para julgar ninguém. Creio, inclusive, que esse não é o papel de um veículo de comunicação, que tem a única função de informar. Se houve excessos por parte dos PMs, se as mortes ocorreram após troca de tiros, isso tudo fica a cargo das investigações.
Só que os debates no canal de comentários não parou por aí. De forma até rápida e natural, quase como uma reação, muitos outros leitores passaram a postar suas indignações em relação à defesa desses supostos criminosos. A crítica mais veemente dá conta sobre os malefícios causados pela bandidagem à sociedade como um todo. Ataques mais pesados, de forma coerente, acabaram não sendo publicados pelo moderador, que leva em consideração vários critérios, que passam por inibir ofensas pessoais e termos considerados impróprios.
O debate revela como a vida é vulnerável. Até mesmo nas defesas aos rapazes dá para perceber que há sentimentos de pessoas próximas envolvidas. Cada um deles, logicamente, tem uma história. Pais, mães, irmãos, namoradas, familiares. Gente que até preferia um destino mais feliz. Mas também, por falta de opções ou pelas ilusões vendidas por esse mundo marginal, preferiram essa “vida fácil”.
Jovens tombaram mortos. São histórias que chegam ao fim. Outros ainda cairão. Muitos também ceifarão vidas de inocentes. De um lado ou outro, a notícia faz chorar. Mas também faz refletir.
Ernesto Zanon
Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo
No Twitter: @ZanonJr